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07 de novembro de 2024

Especial Dia das Mães: A luta de quem perdeu um filho no trânsito


Por Talita Inaba Publicado 10/05/2015 às 03h00 Atualizado 08/11/2022 às 22h52
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De onde vem a força? Já se perguntou o que o/a move diariamente? Certamente muitos vão dizer o trabalho, a família, os sonhos, a sobrevivência, os filhos. Ah, os filhos. São gerados, criados e amados, mas e quando eles se vão antes do tempo, ou ainda de uma forma inesperada? As mães vão entender. Apesar de se ter inúmeros motivos para continuar, para caminhar, para se ter força, quando se perde um filho, existe algo mais importante para se continuar tendo força? Em meio a controvérsias, muitos dirão que sim, outros que não, mas o fato é que com força, ou sem ela, a vida segue abalada. Em meio a uma situação como essa, é difícil se manter vigorosamente, mas um exemplo, do qual muitos vão se lembrar é de uma mãe que, no dia 7 de maio de 2009, às 02h30 da madrugada de uma quinta-feira em Curitiba viu essa força desabar ao receber a ligação de um agente funerário sobre a morte do seu filho em um acidente de carro.

O acidente foi causado pelo então deputado estadual do Paraná Fernando Ribas Carli Filho, que na época possuía 130 pontos na carteira, a maioria por excesso de velocidade, havia ingerido álcool e, de acordo com a perícia, trafegava entre 161 km/h e 173 km/h. Gilmar Rafael Yared, 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, 20, morreram na hora. Na colisão, os carros foram parar em uma via lateral a mais de cem metros do local e com o impacto da batida, Gilmar teve a sua cabeça decepada. O acidente aconteceu na Rua Ivo Zanlorenzi, quase esquina com a Rua Paulo Gorski, no bairro Mossunguê, em Curitiba.

Christiane Yared é o exemplo de uma mãe que, a partir daí não só manteve essa força, mas também a potencializou para, desde então, lutar contra a impunidade no trânsito. Ela afirma que seu filho já está morto e não precisa de justiça, mas a sociedade sim e é desde 2009 que Christiane passou a viver pela paz no trânsito. Yared fundou em 18 de junho de 2010, o Instituto Paz no Trânsito (IPTRAN) com a missão de “Reduzir o número de vítimas de acidentes de trânsito por meio da promoção e do incentivo a práticas sustentáveis de mobilidade urbana” e criou também a campanha “190 km/h é crime”, que ganhou repercussão nacional, com a distribuição voluntária de 500 mil adesivos e o registro de 19 milhões de pesquisas em sites de busca, segundo informações do próprio Instituto.

“Gritamos todos os gritos, choramos todas as dores, vivemos a revolta, a aceitação e a saudade. Nossos sonhos desfizeram-se diante dos nossos olhos”, escreve ela no blog em que mantém desde a sua vitória ao cargo de Deputada Federal pelo Paraná nas Eleições 2014 quando, inclusive foi a candidata mais votada do Paraná (200.144 votos).

A principal luta da atual deputada federal é a busca de um trânsito mais seguro para todos os brasileiros, defendendo a punição rigorosa para os criminosos do trânsito, além de defender e representar movimentos sociais que buscam melhoras nas estradas, sinalizações em centros urbanos considerados perigosos, tratamento e acompanhamento das vítimas de trânsito e seus familiares.

Yared e a família ainda aguardam para que a data do julgamento seja marcada. Carli Filho irá a júri popular e vai responder por duplo homicídio com dolo eventual, ou seja, quando se assume o risco de matar.

Christiane é o exemplo de uma mãe que não descansa e nem vai descansar enquanto não ver o fim da impunidade. Enquanto ela tiver forças vai lutar pela justiça, assim como vem demostrando durante esses anos. Yared mostra a força das mães, figuras que, simplesmente, não tem explicação. Não há texto nem palavras no mundo que consigam traduzir o que elas significam. Mães, exemplos de força, e ponto. Assim como a mãe de Gilmar, a sociedade deve parar de dizer Amém.

 

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