Especialistas dão dicas de como reduzir o estresse ao volante
O fim do ano está chegando e, junto, a complicação do trânsito nas metrópoles. Calor, congestionamentos e correria nas ruas são ingredientes que aumentam o estresse de quem está ao volante.
“Ficar parada no trânsito é o pior de tudo, fico ansiosa, irritada”, diz a ortoptista Elaine Cristina Gonçalves, 38, que trabalha na Pompeia (zona oeste de São Paulo) e frequenta uma academia em Pinheiros (na mesma região). Ela chega a levar uma hora e meia para ir do trabalho à malhação.
Para a psicóloga Cecília Bellina, o trânsito já é um agente causador de estresse por causa de todos seus sinais e regras e pela exigência de que nosso organismo fique atento para conduzir adequadamente um veículo dentro da lei, lidando com variáveis inesperadas.
A ortoptista Elaine Gonçalves diz perder a linha: “Se fazem algo errado na minha frente, reajo” “Juntando isso a situações como fechadas, congestionamentos e direção de risco, podemos virar uma bomba-relógio quando estamos no trânsito”, diz a especialista. Elaine se enquadra no perfil explosivo. “Se fazem algo errado na minha frente, eu reajo. Se alguém me corta, eu dou um jeito de passar na frente depois”, diz.
Sintomas físicos
Segundo o psiquiatra Júlio César Fontana Rosa, professor da Faculdade de Medicina da USP e integrante da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), o estresse ao volante pode causar até mesmo sintomas físicos, como taquicardia, sudorese, queda de pressão e dores de estômago.
“O motorista também pode ter um estresse silencioso, que no dia a dia vai se refletir em cansaço, dores musculares e insônia”, explica. Mas como não se estressar ao volante? O condutor escolar Sergio Matavelli, 51, que há dez anos transporta alunos de uma escola particular em Santo André, dá a receita: “Eu sou calmo por natureza, penso que ficar estressado no trânsito não vai resolver nada. Se eu buzinar e xingar, as crianças vão ficar agitadas e assim não irei a lugar nenhum.” Matavelli transporta 60 crianças nos períodos da manhã e da tarde e confessa que chega em casa cansado. “Eu costumo caminhar à noite para relaxar.”
O motorista de perua escolar Sergio Matavelli mantém a calma: “Se buzinar e xingar, as crianças vão ficar agitadas” O motorista de perua Sergio Matavelli mantém a calma: “Se buzinar e xingar, as crianças vão ficar agitadas”.
Técnicas de relaxamento
O psiquiatra Júlio César Fontana Rosa afirma que o condutor deve pensar em vários fatores antes de sucumbir ao estresse. Primeiro, deve-se refletir sobre as consequências de atos impulsivos e os riscos de provocar ou aceitar provocações. “É preciso checar também se a ira que está descarregando tem a ver com a situação do trânsito ou se é o reflexo de outros problemas”, recomenda o especialista.
Segundo a psicóloga Cecília Bellina, para relaxar nessa situação de estresse o motorista pode desviar o pensamento (sem perder a atenção no trânsito, é claro), ouvir música ou utilizar técnicas de respiração e relaxamento. “Não dá para evitar o estímulo gerador de estresse, mas é possível lidar com ele de forma mais saudável”, conclui.
Alguns itens podem ajudar o motorista a diminuir a irritação diante de um congestionamento
Para Roberto Manzini, proprietário do centro de pilotagem que leva seu nome, o sistema de navegação por GPS, por exemplo, pode ajudar a fugir do trânsito parado ou evitar que o motorista se perca caso resolva desviar de congestionamentos. Um carro bem equipado também ajuda a aliviar a tensão no trânsito.
Recursos como direção hidráulica ou elétrica, ar-condicionado e câmbio automático ou automatizado servem de alento na hora de enfrentar os congestionamentos. Para Fontana Rosa, o sistema de som é um dos maiores aliados contra o estresse. “O motorista pode ter a satisfação de ouvir coisas que gosta, fazendo sua própria programação musical.”
O mais importante é manter a calma. “Mesmo que seja fechado ou alguém cole na traseira do seu carro, deixe-o passar. Não se abale”, aconselha Roberto Manzini.
Fonte: Agência Floripa