Integrado à teoria, simuladores permitem vivenciar desafios do cotidiano
Divulgado em maio deste ano, ranking dos países com tráfego mais perigoso das Américas aponta o Brasil na quarta posição com a marca de 23,4 mortes em acidentes de trânsito para cada 100 mil habitantes. Conforme quantificação da Organização Nacional de Segurança Viária (ONSV), foram mais de 450 mil vítimas do trânsito no país entre 2001 e 2012, aumento de quase 50% se comparado os anos inicial e final da pesquisa. Para a entidade, 90% dos acidentes desta natureza são fruto de falhas humanas, que abrangem da desatenção ao desrespeito à legislação, passando pelo uso do celular, excesso de velocidade e falta de equipamentos de segurança.
Para reverter o cenário, um dos caminhos possíveis é fornecer uma base consistente desde o processo de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). É justamente esta a premissa dos simuladores de direção veicular. “Apenas com a teoria, o aluno não vivencia os desafios que irá encontrar no cotidiano. Como o próprio nome indica, os simuladores reproduzem estas situações, sendo uma ferramenta muito importante para complementar a formação dos candidatos”, atribui a Doutora em Engenharia de Transportes pela Universidade de São Paulo (USP), professora Márcia Bernardinis.
Ela ainda atrela a efetividade do produto ao bom direcionamento dado pelos instrutores e ao empenho do próprio candidato em aprender. “O simulador prepara os alunos para o que enfrentarão nas ruas, os deixando mais seguros. Porém, a seriedade da instituição e a dedicação deles durante o processo são tão importantes quanto a tecnologia investida na formação”, pondera Márcia.
Atenta à importância desta integração, a Mobilis desenvolveu uma linha de simuladores com caráter exclusivamente pedagógico, que proporciona uma experiência completa de imersão aos alunos. “Ao final de cada aula, o equipamento compila as infrações de trânsito porventura cometidas pelo candidato, informando a gravidade e a pontuação de cada uma delas. Além disso, traz o texto completo do Código de Trânsito Brasileiro relacionado a cada uma das infrações. Todas essas informações são agrupadas em um relatório”, detalha o Gerente de Negócios da Mobilis, Jobel Araújo. O documento permite ao instrutor acompanhar o desempenho do aluno no detalhe e sinalizar a ele as habilidades que devem ser aprimoradas.
Conforme o diretor-presidente do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), José Ramalho, a coerência entre verificar o conhecimento adquirido na teoria e preparar-se para a prática com uma experiência virtual prévia, é a principal vantagem dos simuladores. “Posso falar sobre excesso de velocidade na aula teórica e depois fazer uma aula no simulador que envolva este tema, reproduzindo situações impossíveis de serem vivenciadas na aula prática. Na rua, o instrutor retoma o que foi experimentado no simulador, mas de maneira 100% segura”, exemplifica.
Ele acrescenta que, assim como acontece com outras tecnologias, como o freio ABS, o segredo é demonstrar a importância do uso do novo aparato tecnológico para que o aluno adote uma postura segura no trânsito e não tenha um comportamento inapropriado. “Criar uma percepção de riscos através de situações reproduzidas pelos simuladores é muito mais saudável e produtivo para o aprendizado do que apenas dizer ao aluno o que é certo e errado, uma vez que nesse caso, ele acaba adotando uma conduta segura apenas quando acha que está sendo fiscalizado”, esclarece.