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03 de outubro de 2024

Mundo pós-Covid-19: qual será o futuro das autoescolas?


Por Mariana Czerwonka Publicado 27/05/2020 às 03h00 Atualizado 08/11/2022 às 21h49
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Futuro das autoescolasFoto: Marcelo Nivaldo Jr.

O mundo está passando por um momento desafiador, de crise e de mudanças. E essas transformações não são apenas físicas, mas também emocionais, econômicas e de estrutura. Talvez muitas das coisas que conhecemos não sejam mais realidade após esse movimento mundial. E dentro desse contexto de profundas modificações no ambiente em que vivemos, uma grande pergunta não quer calar: qual será o futuro das autoescolas?

O instrutor de trânsito deverá se adaptar e se transformar? As tecnologias vieram para ficar? Quais serão os desafios e possibilidades daqui para a frente?

A resposta, segundo o Dr. David Duarte Lima, que é doutor em Segurança de Trânsito pela Universidade Livre de Bruxelas (Bélgica) e mestre em Saúde Pública pela Universidade Católica de Louvain (Bélgica) é que esse será um período de mudanças e adaptações, mas que deve trazer oportunidades.

“Eu acho que será necessário mudar um pouco o formato da autoescola. Os Centros de Formação de Condutores (CFCs) devem ampliar o escopo e sair só da questão de dirigir um veículo automotor para ser uma escola de mobilidade. Isso não é fácil, mas é preciso que os CFCs, além da primeira habilitação e dos cursos de formação teórica, tenham serviços que ampliem seu leque de atuação e se aproximem do cliente”, afirmou o especialista em Live no canal do Portal do Trânsito no Facebook.

Ainda conforme o especialista, há várias possibilidades. “A ideia é que os alunos passem a visitar periodicamente o CFC. Por exemplo, um garoto ou uma garota que vai escolher um carro, é lógico que vai ter a assessoria do pai, da mãe, vai avaliar custos, etc., mas qual é o carro ideal? Que tamanho de carro? Essa pessoa vai usar mais na cidade ou vai fazer viagens? Que formato de carro é o ideal? Os CFCs poderiam assessorar, poderiam dar direção defensiva para idosos. Poderiam ter cursos específicos de direção defensiva para situações críticas. Poderiam ampliar as aulas para o motociclista, para que ele tenha uma condução, uma pilotagem mais segura. Há muito o que fazer”, argumenta.

Para Dr. David, o momento é de junção de esforços.

“É preciso união, por exemplo, quantos mil carros as autoescolas têm pelo Brasil a fora? São muitos, são milhares, talvez centenas de milhares. Por que não ter também a isenção do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) como têm os taxistas? É preciso unir, é preciso ter força. É preciso conversar com deputado, senador, enfim, é preciso formar um grupo de pressão. As autoescolas, infelizmente, são muito pulverizadas”, explica Dr. David

E o futuro do instrutor de trânsito?

O conselho para o instrutor de trânsito é que, apesar das dificuldades, esta pode ser uma chance de investimento na profissão.

“É preciso estudar, avaliar. E digo isso também para os donos e diretores de autoescolas, é preciso repensar o futuro. O futuro vai ser muito desafiador, vai mudar tudo muito rapidamente. Hoje é tudo automático e cada vez mais vai haver tecnologia embarcada nos veículos, então é preciso que o instrutor, que os donos de autoescola, que todo mundo do segmento de formação se prepare”, opina.

Papel dos órgãos públicos

O especialista fez ainda uma análise sobre o papel dos órgãos públicos diante do sistema e do segmento de formação de condutores no Brasil. “A burocracia cria problemas, porque quer ter um controle melhor, e termina inviabilizando. Como vai ser a aula remota? Precisa de tecnologias caríssimas e que a autoescola não vai dar conta de fazer. Então é preciso pensar. A autoescola tem que se posicionar. Os órgãos públicos devem buscar uma colaboração com os profissionais que atuam nesse segmento”, sugere.

A situação, de acordo com o especialista, deve ser revista.

“Eu vejo com preocupação, às vezes, o Denatran, eu conheço porque tenho amigos no Denatran, já fui do Denatran, e frequento de certa forma bastante o Denatran. Há uma incapacidade de entendimento com relação ao trânsito. Não do Denatran em si, mas de grande parte das pessoas. Às vezes bem intencionadas, mas que não entendem qual é a dificuldade do trânsito, como é que se faz para reduzir os acidentes, quais são as dificuldades da escola. E isso vale para Detrans também. Criam dificuldades para as autoescolas, criam regrinhas bobas e que não servem para nada e, com isso, a gente gasta uma enorme energia e não resolve os problemas fundamentais”, explica o especialista.

O conselho agora, para os Centros de Formação de Condutores, é não ficar estagnado. “Deve haver uma boa vontade, uma vontade de melhorar por parte das autoescolas, na verdade, por todo mundo no trânsito. Os desafios são enormes e a gente não pode ficar parado”, conclui Dr. David.

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