Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nossos sites, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao acessar o Portal do Trânsito, você concorda com o uso dessa tecnologia. Saiba mais em nossa Política de Privacidade.

10 de dezembro de 2024

Sul do país soma mais de 130 mil condutores que precisam de veículo adaptado


Por Mariana Czerwonka Publicado 26/05/2017 às 03h00 Atualizado 08/11/2022 às 22h26
Ouvir: 00:00
Carro adaptadoAdaptado para atender à sua limitação, o veículo de Johnatha traz todos os comandos ao alcance dos pés. Foto: Arquivo Pessoal

Engana-se quem pensa que adquirir e dirigir o carro próprio é uma pretensão que esbarra apenas em questões de ordem financeira. Em alguns casos, isso também requer uma combinação de paciência e obstinação. É essa a realidade de mais de 130 mil condutores, só no sul do Brasil, considerados inaptos para dirigir veículos comuns, condição definida pelas restrições que vão de C a X na resolução do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Computado até outubro desse ano, o número foi disponibilizado pelos Detrans dos três estados da região. Mas, para se ter ideia da ordem que o número de condutores com essas restrições pode alcançar, em 2010, dentre os mais de 45 milhões de brasileiros com alguma deficiência, dois milhões e meio eram deficientes motores entre 15 a 64 anos, faixa etária que compreende a idade de dirigir. Para entender os desafios de obter a habilitação e um veículo adaptado, a Perkons ouviu condutores com mobilidade reduzida e empresas que realizam adaptação veicular.

Os olhares de surpresa sempre acompanharam os passos do músico Johnatha Bastos. Nascido sem os braços, ele conseguiu a habilitação há menos de um mês e, de lá para cá, praticamente não deixou o motor do carro esfriar na garagem. “É um sonho que foi concretizado e me deu mais autonomia e liberdade”, completa. A aparência do veículo é comum, mas o interior é todo adaptado para atender às necessidades do jovem. Volante, pedais e freio ficam ao alcance dos pés, como o painel com botões que acionam os faróis e o para-brisa. Porém, antes mesmo de dirigir, ele precisou comprovar a posse do carro adaptado, já que a natureza de sua limitação exigia adaptações específicas para que o automóvel fosse utilizado também nas aulas de direção e no exame prático. “Foi preciso passar por uma perícia detalhada e só então receber autorização para circular com ele”, explica. Para a adaptação, todas as medidas do jovem foram levadas em consideração e os ajustes necessários aconteceram ao longo de um ano. “Mesmo personalizado, meu carro também pode ser conduzido por pessoas sem deficiência física”, explica Johnatha.

A personalização do veículo é um dos pilares da Cavenaghi, pioneira no segmento de adaptação veicular.

“Os comandos podem ser invertidos ou automatizados, e há uma gama de acessórios que podem ser instalados, como freios e aceleradores manuais. 99% dos veículos disponíveis no mercado podem passar pela adaptação”, resume a diretora comercial, Mônica Cavenaghi.

Isenção tributária exige paciência do condutor

No Brasil, pessoas com deficiência física podem adquirir um automóvel com isenção do IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados). Para solicitar a isenção é necessário reunir todos os documentos listados pela Receita Federal e dar entrada no processo em uma das unidades do órgão.

Para o gerente de vendas corporativas da concessionária Copava, Alexsandro Beal, o tempo gasto nesse processo acaba por desestimular muitos condutores com mobilidade reduzida. “Mais de 90% das pessoas que têm direito à isenção não sabem disso e há uma parcela que sabe e desiste devido à morosidade do processo de compra”, avalia. Para sanar possíveis dúvidas do usuário, a empresa desenvolveu, há cerca de cinco anos, uma cartilha, que elenca, por exemplo, as limitações elegíveis para que o condutor solicite a isenção.

Para o aposentado Mário Sérgio dos Santos, que teve os braços amputados há 21 anos, foram investidos mais de dois anos para reunir a documentação exigida. Assim como Johnatha, Mário precisou comprovar a posse do carro – cujos comandos são controlados pelos pés – antes de obter a CNH. “Foram várias etapas, mas consegui minha CNH. De início minha mãe e esposa tiveram receio de andar comigo, mas hoje as levo para todo canto”, comemora.

As informações são da Assessoria de Imprensa

Comentar

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *