Especialistas afirmam que educação e mais rigor ao condutor podem combater alcoolemia no trânsito
Conforme especialistas, para combater a alcoolemia no trânsito é preciso intensificar campanhas educativas e adotar medidas mais rigorosas com o condutor.
A combinação de álcool de direção ainda é um desafio sem resposta no Brasil. É o que mostra estudo divulgado pela Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) para celebrar os 15 anos de vigência da Lei Seca e discutir ações para reverter os indicadores de alcoolemia no trânsito brasileiro. A apresentação do estudo ocorreu em reunião realizada no Ministério dos Transportes em setembro, com a presença de autoridades e especialistas. A Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) participou do encontro na capital federal.
“Foi uma reunião muito proveitosa, em que discutimos como enfrentar e conscientizar o condutor dos riscos de consumir bebidas alcoólicas e dirigir”, conta Geraldo Gutemberg, presidente da Abramet -DF, federada da entidade no Distrito Federal.
Segundo ele, a análise aprofundada dos dados do estudo indicou dois vetores de ação: intensificar campanhas educativas para engajar a população e adotar medidas mais rigorosas com o condutor que seja autuado e tenha sua carteira suspensa após a comprovação da direção sob efeito de álcool ou outras substâncias.
O estudo mostra que, a cada hora, oito motoristas são flagrados dirigindo sob a influência de bebidas alcoólicas ou substâncias psicoativas. Desde a implementação da Lei Seca em 2008, o país registrou mais de um milhão de infrações de trânsito associadas a alcoolemia; outros 500 mil condutores recusaram o teste do bafômetro em todo o País. A pesquisa também indica que mais da metade das infrações foram registradas nos finais de semana, especialmente no período entre 23h e meia-noite. A maioria dos infratores é do sexo masculino, com idade média de 42 anos e moradores das capitais.
Durante a reunião, houve a discussão de mecanismos para melhorar a fiscalização e reduzir a incidência da infração. Muitas das autuações resultam em punição leve, o que estimula o comportamento do condutor. No DF, por exemplo, de 300 mil autuações, apenas 13 significaram a suspensão da Carteira Nacional de Habilitação.
“Entendemos que é preciso fiscalizar também quem teve a carteira cassada. O pagamento de multa não tem modificado o comportamento do condutor”, disse Gutemberg.
Uma das propostas em exame, comentou o médico do tráfego, é adotar o reconhecimento facial do condutor. Assim como, apreender a carteira de condutores que receberam autuações em fiscalizações da Lei Seca. Além disso, autoridades e especialistas debateram a necessidade de intensificar campanhas educativas. O objetivo é transformar a mentalidade do cidadão e enraizar uma nova conduta em que álcool e direção nunca estejam combinados.
“Hoje, já não pensamos na possibilidade de fumar em lugares fechados, por exemplo. Foi um processo lento, mas a sociedade mudou”, diz Geraldo Gutemberg. “As campanhas têm de ter orientação para que as pessoas entendam que álcool e direção não combinam”.