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10 de dezembro de 2024

Cai o número de pessoas que usam o ônibus como principal transporte


Por Mariana Czerwonka Publicado 18/08/2015 às 03h00 Atualizado 08/11/2022 às 22h46
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Passageiros de ônibusBalanço da NTU indica queda de 2%, em um ano, no número de usuários de nove capitais

O número de passageiros que usam o ônibus como o principal meio de transporte diminui a cada ano e tem preocupado os transportadores. Dados da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) revelam que, entre 2013 e 2014, a movimentação mensal de pessoas caiu 2%.

O estudo foi baseado em nove capitais: Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e São Paulo (SP). Segundo a associação, o número de passageiros passou de 389 milhões, em 2013, para 382 milhões, no ano passado, o que representa 300 mil pessoas a menos transportadas por dia.

De acordo com o presidente da NTU, Otávio Cunha, a queda na preferência pelo transporte público se deve, entre outros motivos, aos longos congestionamentos nas cidades. “As pessoas têm buscado velocidade nos deslocamentos. Como os ônibus ficam cada vez mais parados no trânsito, os passageiros acabam optando por migrar para outros meios que colaborem para a redução no tempo de viagem”, alerta o presidente, ao citar motocicletas e bicicletas como alternativas escolhidas.

A solução, segundo Cunha, é a priorização da infraestrutura de transporte público para que os ônibus deixem de disputar espaços com os automóveis, como a implantação de mais BRTs (Bus Rapid Transit, na sigla em inglês), além de corredores e faixas exclusivas. No total, apenas 79 cidades brasileiras possuem algum desses sistemas, enquanto existem 419 projetos – em obras ou em operação – que totalizam mais de 3,2 milhões de quilômetros de extensão.

As faixas exclusivas de São Paulo, por onde só trafegam ônibus, são uma prova de como o investimento em transporte público pode melhorar a velocidade nas cidades, na avaliação da NTU. No corredor “23 de Maio” houve aumento de 21,7% na velocidade média, entre 2012 e 2013. Os veículos que circulavam a 13,8 km/h passaram a trafegar a 16,8 km/h.

Já uma pesquisa realizada no BRT do Rio de Janeiro revelou que o tempo de viagem é a principal vantagem apontada por 86% dos usuários. O índice de satisfação dos passageiros que utilizam o sistema ficou em primeiro lugar, ultrapassando, inclusive, metrôs e trens.

Além da redução no número de passageiros que optaram pelo ônibus, outros indicadores também caíram, segundo o estudo da NTU. Entre eles estão a quilometragem mensal produzida, bem como o índice de passageiros por quilômetro.  A tarifa média das tarifas também teve redução de 2,5%. “Como a arrecadação das empresas diminuiu, o setor perdeu condição de investimento em novos veículos. A idade média da frota aumentou 4,5%, passando de 4,4 anos, em 2013, para 4,6 anos, em 2014”, ressalta Cunha.

O preço do óleo diesel também aumentou 3%, em média. A alta no valor do insumo, que representa 23% dos custos do setor, tem causado impactos negativos junto aos transportadores. “Historicamente o governo incentiva o uso do transporte individual. O preço da gasolina sobe menos que o do diesel utilizado no transporte público. Além disso, as desonerações dadas à indústria automobilística, com estímulo ao financiamento, geram concorrência desleal com falta de prioridade ao coletivo.”

Planos de Mobilidade

A falta de prioridade aos sistemas coletivos de transporte é um dado relevante da pesquisa. Apenas nove capitais do país apresentaram Planos de Mobilidade Urbana ao Ministério das Cidades.

O prazo estipulado pelo órgão venceu em abril e a não apresentação das propostas resulta em dificuldade de obter recursos para o financiamento de novos projetos. E não foram só as capitais que negligenciaram a necessidade de investimento em transporte público: apenas 0,04% dos municípios acima de 20 mil habitantes apresentaram planos.

Otávio Cunha acredita que o dado é preocupante e reflete a falta de profissionais do setor no Brasil. “Falta pessoal qualificado para isso. Hoje os municípios não têm estrutura. Eles têm que contratar consultorias para fazer os planos, que, via de regra, são muito caros. Não há recursos para pagar por esse serviço”, justifica o presidente da NTU.

Evie Gonçalves

Agência CNT de Notícias

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