10 de julho de 2025

A falsa sensação de segurança no banco de trás: por que ainda negligenciamos o cinto?

Apesar da obrigatoriedade e dos riscos, muitos passageiros ainda deixam de usar o cinto de segurança no banco traseiro — um hábito perigoso que pode custar vidas.


Por Mariana Czerwonka Publicado 19/06/2025 às 08h15
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Cinto no banco de trás
O uso do cinto de segurança é fundamental para proteger todos dentro do veículo. Foto: julioricco para Depositphotos

Apesar de mais de duas décadas de obrigatoriedade, o uso do cinto de segurança no banco traseiro ainda é negligenciado por grande parte dos brasileiros. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, realizada pelo IBGE em parceria com o Ministério da Saúde, revelam que apenas 54,6% dos adultos afirmam utilizar o cinto no banco de trás do carro. Esse índice é significativamente inferior ao observado no banco dianteiro, onde 79,7% dos adultos relatam usar o cinto regularmente.

Atribui-se a discrepância entre o uso do cinto nos bancos dianteiro e traseiro, em grande parte, à falsa sensação de segurança que os passageiros do banco de trás experimentam. Muitos acreditam que, por estarem afastados do painel e do para-brisa, estão menos expostos a riscos em caso de colisão. No entanto, especialistas alertam que essa percepção está errada e é perigosa.

Consequências

Em uma colisão, os ocupantes do banco traseiro sem cinto de segurança estão sujeitos às mesmas forças físicas que atingem os passageiros do banco dianteiro desprotegidos. Em uma colisão frontal, o passageiro do banco de trás continuará em movimento na mesma velocidade que o veículo desenvolvia antes do impacto. Ou seja, isso pode resultar em consequências fatais.

Além disso, o uso do cinto de segurança no banco traseiro não protege apenas o próprio passageiro, mas também os ocupantes dos bancos dianteiros. Em caso de colisão, um passageiro sem cinto no banco de trás pode ser lançado contra o motorista ou o passageiro da frente com um peso equivalente a várias toneladas, dependendo da velocidade do veículo.

O especialista em trânsito Celso Mariano ressalta que o uso do cinto de segurança é fundamental para proteger todos dentro do veículo. “No trânsito, cada pessoa está constantemente tomando decisões baseadas em suas condições e habilidades. Optar pela vida é respeitar as regras e agir com segurança em todos os momentos”, explica.

Em 2023, o Brasil registrou um aumento significativo nas infrações por não uso do cinto de segurança, totalizando aproximadamente 2,5 milhões de autuações — o equivalente a uma infração a cada 12 segundos. Esse número representa um crescimento de 25% em relação ao ano anterior, superando inclusive os índices pré-pandemia de 2019.

O estado de São Paulo liderou o ranking nacional, sendo responsável por cerca de 42% dessas infrações, com mais de 1 milhão de autuações registradas. Esses dados evidenciam que, apesar das campanhas de conscientização e das penalidades previstas no Código de Trânsito Brasileiro, muitos condutores e passageiros ainda negligenciam o uso do cinto de segurança, especialmente no banco traseiro.

Especialistas alertam que essa negligência não apenas coloca em risco a vida dos ocupantes do veículo, mas também pode agravar as consequências de sinistros, aumentando os custos para o sistema de saúde e as perdas humanas. A persistência desse comportamento destaca a necessidade contínua de ações educativas e de fiscalização para promover uma cultura de segurança no trânsito.

Em resumo, a falsa sensação de segurança no banco de trás é um mito perigoso que é preciso combater com informação e conscientização.

“O uso do cinto de segurança é uma medida simples, mas extremamente eficaz para salvar vidas e reduzir a gravidade dos ferimentos causados por sinistros de trânsito”, finaliza Mariano.

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