Ciclistas, pedestres e motoristas têm problemas de convivência
A iniciativa saudável de usar bicicletas nas grandes cidades acabou criando algumas dificuldades
Um número cada vez maior de brasileiros passou a usar bicicleta como meio de transporte. E esse movimento saudável, tanto para eles quanto para as cidades, acabou criando algumas dificuldades de convivência com os motoristas e os pedestres.
Estamos todos querendo chegar a algum lugar, e depressa. Pedalar é uma alternativa para tirar carros das ruas, diminuir a poluição e não perder tempo no trânsito. Mas se sobram motivos para usar a bicicleta, falta espaço.
“Tem até um motorista que gritou comigo uma vez, de ônibus: ‘pô, vai pra calçada, não sei o que’. A calçada é só de pedestre. Aí se eu vou para calçada de pedestre, o pedestre grita comigo”, conta um ciclista.
O melhor é a ciclovia. Mas, mesmo na cidade com a maior malha da América Latina, não dá para pedalar só pelo corredor o tempo todo.
“Ciclovia aqui não tem. Aí tem que ser a rua”, diz um homem.
Quando falta a ciclovia ou ciclofaixa, o certo é o ciclista andar na rua. É lei. Ficar do lado direito. Retrovisor e buzina são obrigatórios, já o capacete não, mas é melhor usá-lo. Quem anda de bicicleta corre riscos no trânsito o tempo todo, principalmente quando encontra motoristas que se impõem pelo tamanho. Muitas vezes o ciclista procura refúgio na calçada, mas lá não é ele o mais frágil.
Seu Átila caminha com dificuldade. A ciclista que vai pela calçada percebe e para. Mas é ele quem abre passagem.
Átila Rodrigues, aposentado: Eu que tive que desviar.
Jornal Nacional: O senhor de muletas.
Átila Rodrigues: É, mas é assim mesmo. Isso aí é normal. Tem que estar atento, porque senão você machuca.
“Eu fui me desviar, tropecei nessas pedrinhas soltas. Pronto, fui ao chão”, conta uma senhora.
Carolina diz que nem todos os ciclistas têm esse comportamento.
“Eu vou devagar, às vezes eu paro para o pedestre passar. Não saio atropelando todo mundo, não”, afirma Carolina.
Dona Sônia faz o mesmo. Ela é ciclista há 20 anos, mas também sai a pé, como todo mundo. E diz não se importar quando cruza com uma bicicleta.
“Eu acho que as pessoas tinham que ter bom senso e quando viesse um pedestre parar, não andar igual a um doido, tudo, porque na rua infelizmente não dá para andar, não”, defende Sônia.
Para o seu Joaquim não dá para andar é na calçada. Aos 74 anos ele sabe que se arrisca. E resume o que falta na convivência entre pedestres, ciclistas e motoristas: “A gente tem que respeitar para ser respeitado, que é assim que funciona”.