FENIVE lança alerta para que mortes no trânsito sejam tratadas como “epidemia” no Brasil
FENIVE alerta que mortes no trânsito causam “epidemia” grave e constante no País e que precisa ser tratada com seriedade e políticas públicas adequadas.
A Federação Nacional da Inspeção Veicular – FENIVE, lançou às autoridades públicas brasileiras o desafio de encarar as estatísticas de trânsito e assumir que essa é uma epidemia grave e constante no País. Além disso, que precisa ser tratada com seriedade e políticas públicas adequadas.
Para tanto, neste mês de dezembro, a diretoria da entidade esteve em Brasília em reunião com órgãos e autoridades que atuam no setor de trânsito e transportes. O intuito foi cobrar antigas demandas do segmento de inspeção veicular e retomar assuntos que ficaram de lado devido à pandemia do Covid-19.
Uma das principais agendas, segundo Everton Pedroso, presidente da FENIVE, foi marcada com a equipe da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), antigo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).
Além de questões referentes ao cumprimento da legislação já existente, Pedroso explica que a entidade solicitou um posicionamento com relação a assuntos que estão sem encaminhamento há muito tempo. Estes, além de colocar em risco a vida das pessoas, também provocam confusão no segmento. Como, por exemplo, o caso dos caminhões basculantes – as famosas “caçambas”, conforme publicamos no início do ano.
De acordo com a Resolução 859/21 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), esses modelos deveriam contar com um dispositivo de segurança para evitar o acionamento da caçamba enquanto o veículo estiver em movimento. Sem esse recurso, a parte móvel do veículo pode levantar acidentalmente a qualquer momento.
“Apesar dessa medida estar em vigor, não existe fiscalização e preocupação dos órgãos de trânsito. Bem como, qualquer tipo de punição para quem provocar um acidente por falta de regularização do dispositivo”, pontua o presidente.
Gás Natural Veicular
A frota de veículos movidos a gás natural veicular (GNV) que também se encontra em situação irregular foi outro assunto que ganhou espaço nas reuniões da diretoria da FENIVE em Brasília.
Daniel Bassoli, diretor executivo da Entidade, tanto na Senatran discutiu-se o tema, quanto em reuniões com parlamentares que integram a Frente de Defesa do Trânsito Seguro. O objetivo, segundo Bassoli, foi chamar a atenção dos deputados para as pendências da Senatran. Além disso, entregar a minuta do projeto de lei sobre aumento das sanções para veículos GNV irregulares. “Existem muitas instalações clandestinas de GNV no Brasil e geralmente são esses casos que acabam fazendo vítimas. É uma situação fácil de se resolver, mas depende da ação política. O trânsito brasileiro já enfrenta inúmeros problemas, que começam com a imprudência de muitos motoristas e as condições precárias das vias. Então, os veículos não podem ser um fator a mais nesse cenário negativo. Nesse sentido, precisam ser um item de segurança para a população”, ressalta o diretor executivo.
O executivo destaca, ainda, o exemplo dos veículos sinistrados. Ou seja, carros envolvidos em acidentes de média ou grande montas – quando ficam seriamente danificados ou inutilizados, mas acabam sendo recuperados de forma inadequada, mesmo nos casos em que deveriam sair de circulação, e revendidos posteriormente, inclusive pelo valor de mercado.
Falhas Mecânicas
Cerca de 1,35 milhão de pessoas morrem a cada ano no mundo todo em decorrência de acidentes no trânsito. Os dados são da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) – braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) nas Américas.
A entidade aponta os veículos inseguros como um dos principais fatores de risco à vida. Assim como, outras questões graves como erros humanos, excesso de velocidade e condução sob influência de álcool.
No Brasil, de acordo com dados oficiais da Polícia Rodoviária Federal, obtidos pelo Datatrans, todos os anos os acidentes causados por falhas mecânicas oscilam sempre entre 5 e 7%. No entanto, para a FENIVE, este número é muito maior, devido à falta de estatísticas e investigação dos acidentes. “Aí estão desde os carros com GNV irregular, sem condições de trafegar devido à falta de manutenção e inspeção veicular, bem como aqueles envolvidos em acidentes e que, por descuido das autoridades, ainda estão em circulação”, enfatiza o presidente da FENIVE.
O diretor executivo da Entidade complementa que a intenção é destravar esses assuntos junto às autoridades. Dessa forma, em 2022, será possível abrir espaço para o debate sobre a epidemia de mortes no trânsito de outras questões essenciais ao segmento.
“Não podemos ficar eternamente discutindo os mesmos assuntos. Algumas questões não evoluem há anos, o que provoca um atraso para toda a sociedade. Denúncias devem ser apuradas, soluções informatizadas devem ser desenvolvidas e ações firmadas no Pnatrans devem finalmente sair do papel”, salienta e finaliza Bassoli.