Dia do Caminhoneiro: desafios da profissão em tempos de pandemia
Além de todos os desafios enfrentados diariamente pelo profissional, atualmente ele também tem que encarar as dificuldades trazidas pela pandemia. Veja a matéria do Dia do Caminhoneiro.
A Lei 11.927/09 instituiu o dia 16 de setembro como o Dia Nacional do Caminhoneiro. Esse é o profissional responsável pelo transporte dos mais variados bens e mercadorias pelas rodovias do País e, muitas vezes, de fora dele.
O motorista enfrenta, diariamente, vários desafios como estradas ruins, muito comuns em várias partes do Brasil, o risco de roubos de carga, de acidentes e a solidão, já que ele passa muito tempo sozinho. E agora, além de tudo isso, o profissional também tem que encarar as dificuldades trazidas pela pandemia: o risco à saúde e à economia, em relação a todo o setor de transporte de cargas.
O profissional das estradas
Um dos problemas enfrentados pelo motorista de caminhão é a extensa jornada de trabalho. Até pouco tempo, muitos profissionais passavam até 26 horas ao volante, uma imprudência que pode causar acidentes e resultar em mortes. Para tentar reverter um pouco este quadro, foi promulgada em 2012, a Lei 12.619, mais conhecida como Lei do Descanso.
A norma determina que o caminhoneiro faça paradas de 30 minutos a cada quatro horas ao volante. Além disso, o motorista profissional deve parar por uma hora durante essa jornada para a refeição. Outra regra vigente é o intervalo diário de 11 horas entre uma viagem e outra.
“A Lei tem o intuito de diminuir o número de acidentes de trânsito nas rodovias do Brasil envolvendo motoristas de veículos de carga, além de garantir os direitos desses profissionais”, alerta Celso Alves Mariano, especialista em trânsito e diretor do Portal.
Segundo as estatísticas da Seguradora Líder, responsável pelo DPVAT, no ano passado, foram pagas 13.633 indenizações em relação a acidentes envolvendo caminhões. Destas, 4.591 referem-se a mortes e 6.347 a invalidez permanente.
Os caminhoneiros e a pandemia
O setor do transporte de cargas foi duramente afetado, como muitos pelo País, devido à pandemia no novo coronavírus.
De acordo com a Pesquisa de Impacto no Transporte Covid-19, realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), no Brasil, a crise tomou proporções mais agudas a partir do final do mês de março. Indicadores econômicos de alta frequência registraram seu pior desempenho no mês de abril e, desde então, passaram a apresentar alguma melhora, como reflexo direto do relaxamento de medidas de isolamento.
“Mas essa melhora não foi suficiente para recompor a capacidade financeira e a confiança das empresas de transporte no cenário atual”, diz a pesquisa.
Ainda, conforme a pesquisa, 36,5% das transportadoras estima que o período para recuperar os níveis de demanda e de faturamento anteriores à pandemia será de um ano.
Demissões no setor
A pesquisa mostra, também, que após apresentar um comportamento de crescimento por três rodadas consecutivas, o número de empresas que demitiram teve estabilização com uma pequena tendência a queda. Dos 40,6% dos transportadores que tiveram de promover redução em seus quadros de empregados durante a pandemia, 55,3% não pretendem demitir mais em setembro. Já entre aqueles que não demitiram, esse percentual é ainda mais alto: 83,8% não demitirão.
Segundo a CNT, é oportuno observar que o otimismo em relação ao futuro dos transportadores tem desdobramentos para o mercado de trabalho do transporte.
“Isso porque 52,3% dos participantes têm expectativa de readmitir os empregados demitidos após o fim da pandemia e realizar a consequente retomada das atividades. Assim, é possível que a recuperação do emprego após essa crise tenha um comportamento diverso das demais crises pelas quais a economia já passou. Ou seja, que seja mais rapidamente recomposto”, mostra a Confederação.
Profissionais infectados
O Painel de Testagem no Transporte Rodoviário, realizado pelo SEST SENAT, mostra um retrato do impacto da pandemia da Covid-19 sobre a saúde de trabalhadores do setor de transporte. De acordo com o documento, em junho 7,4% dos profissionais testaram positivo para a Covid-19.
Entre os profissionais testados que possuíam algum sintoma da Covid-19, a taxa de infecção é de 19,6%; entre aqueles que não possuíam qualquer sintoma, a taxa é de 6%. Os testes rápidos aplicados pelo SEST SENAT levam em consideração a quantidade de anticorpos (IgM e IgG) produzidos pelo corpo humano contra o vírus SARS-COV-2, que provoca a Covid-19.
“Esses são dados estratégicos para direcionar ações das empresas do transporte e do poder público durante a pandemia. Além disso, são produto de uma ação setorial inédita, com o propósito de aprimorar e ampliar a prestação de serviços do SEST SENAT para as empresas do setor e para toda a sociedade”, conclui o presidente da CNT e dos Conselhos Nacionais do SEST e do SENAT, Vander Costa.
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