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Obrigatório, cinto no banco traseiro ainda é ignorado


Por Mariana Czerwonka Publicado 03/08/2014 às 03h00 Atualizado 08/11/2022 às 23h07
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Cinto de segurançaProfessor da USP de São Carlos, SP, defende mais campanhas educativas. Descumprimento da lei contribui para perdas de vidas em acidentes trágicos

Item de segurança obrigatório nos veículos para motoristas e passageiros, o cinto de segurança do banco traseiro é ainda ignorado e quase nunca usado, alerta José Bernardes Felex, especialista em transporte e trânsito da Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos. Para ele, é necessário investir em campanhas educativas e de conscientização aos condutores, pois o descumprimento da lei tem como consequência a perda de vidas em acidentes trágicos.

Na noite de domingo (27), quatro das oito pessoas que viajam em um Gol morreram, entre elas duas crianças de 5 e 6 anos, na Rodovia Professor Boanerges Nogueira de Lima (SP-340), que liga Aguaí a Casa Branca. Em Araraquara, sete pessoas morreram e outras sete ficaram feridas depois que uma van capotou na Rodovia Washington Luís (SP-310), na madrugada do dia 14. As vítimas não usavam cinto de segurança, segundo os familiares.

O artigo 65 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) cita que é obrigatório o uso do cinto de segurança para condutores e passageiros em todas as vias do território nacional, tanto para quem está no banco da frente, como no banco de trás do veículo. A multa em caso de descumprimento é de R$ 127,69, além de cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) por infração grave.

Ainda assim, a fiscalização não dá conta da demanda, explicou o especialista, porque não é possível parar todos os veículos que passam por uma rodovia, por exemplo. “A multa tem que ser documentada, por fotografia ou radar. Caso contrário, o motorista recorre e não há quem o faça pagar. É muito difícil”, afirmou.

Felex, entretanto, questiona a eficácia das autuações. “Francamente, atingir o bolso é uma forma de preocupar a pessoa, mas nunca de educar. Nesse caso, precisamos ressaltar a capacidade de amor à vida que as pessoas devem ter consigo e com os outros. Falta consciência da necessidade do uso do cinto”, ressaltou.

Falta de hábito
A Polícia Rodoviária de Casa Branca informou que um dos focos da fiscalização cotidiana nas estradas é verificar o uso do cinto de segurança entre os ocupantes dos veículos, assim como da cadeirinha de crianças, para tentar diminuir os acidentes com vítimas fatais. Muitos motoristas flagrados sem o equipamento de segurança alegam falta de hábito. Para a corporação, entretanto, falta educar condutores e passageiros.

Ainda segunda a polícia, o acesso à proteção de segurança nos bancos traseiros de alguns veículos é dificultado pelos próprios motoristas que deixam o acessório embaixo do assento, quando deveria ficar exposto. Em caso de uma colisão frontal, a pessoa sentada atrás sem o cinto pode ser arremessada nas costas do passageiro que está na frente e esmagar a vítima contra o painel do veículo.

“A quantidade de movimento é muito grande. De repente o carro para, mas a energia para fazer o movimento continua na pessoa e, sem o cinto, é como se ela tivesse um motor que a empurrasse para frente”, explicou o especialista da USP.

Segundo Felex, nem só em alta velocidade o uso do acessório pode salvar vidas. A falta do cinto de segurança pode ser fatal para um passageiro ou motorista a uma velocidade média de 50 km/h em uma colisão. E há risco também para quem trafega abaixo dessa velocidade.

“Imagine uma pessoa que usa óculos viajando em um veículo a 20km/h. O carro para instantaneamente, o passageiro bate o rosto no banco dianteiro e ao quebrar a lente, ele fica cega. Isso aconteceu com o filho de 12 anos de um amigo, que tirava o carro da garagem. O pai ainda respondeu por tentativa de homicídio. A mesma situação pode acontecer em uma rodovia, mas com resultados ainda mais trágicos”, comparou o professor.

Fonte: G1 Notícias

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