Riscos para quem enfrenta o trânsito
Na semana em que se comemora o Dia Mundial da Saúde (07 de abril), o caos no trânsito dos grandes centros urbanos revela uma preocupação que vem se agravando nos últimos anos: o declínio da qualidade de vida e das relações humanas. Os males causados à saúde de quem mora em grandes metrópoles já não se resumem apenas às consequências da poluição.
A crescente frota de veículos provoca mais acidentes (e, por consequência, mais traumas e mortes), mais estresse e alterações no comportamento. A Perkons ouviu profissionais para esclarecer quais são os prejuízos mais comuns à saúde de quem encara o trânsito. Para o médico Dirceu Rodrigues Alves Jr, diretor do Departamento de Medicina do Tráfego Ocupacional da Abramet*, os riscos a que estão submetidos os motoristas no trânsito podem ser classificados em, pelo menos, quatro: riscos físicos, químicos, ergonômicos e biológicos. Risco físico – Os ruídos, tanto do veículo quanto da movimentação em volta, são perigosos. “Ao longo do tempo, esses ruídos desencadeiam problemas que podem causar danos irreversíveis. O zumbido é um processo degenerativo que pode evoluir para a perda auditiva e, em casos mais graves, para a surdez.
É uma perda, além de crônica, incapacitante”, aponta Alves Jr. Risco químico – O crescimento das cidades e o consequente aumento no número de veículos nas ruas fizeram com que as fontes móveis de poluição (veículos leves e pesados) se tornassem um problema ainda maior para o agravamento da poluição atmosférica. “Os gases, a fuligem, a poeira, enfim, todos esses agentes são altamente agressivos. Provocam doenças respiratórias, em casos mais simples, que podem levar a formação de tumores – exatamente como acontece com fumantes”, explica o médico da Abramet. Risco ergonômico – Muitos motoristas enfrentam diariamente o trânsito não apenas para ir de casa para o trabalho, mas como profissão. Motoristas de caminhão, ônibus ou vans passam horas sentados, o que compromete a postura, como explica Alves Jr.
“O esforço faz com que ele sobrecarregue a musculatura de braços, pernas, ombros e, principalmente, da coluna vertebral. O esforço repetitivo da troca de marchas e das manobras ao volante levam a um processo degenerativo, agravado ainda mais pela vibração do veículo”, aponta.
Risco biológico – Ainda no que diz respeito a motoristas profissionais, há que se ressaltar que muitos transportam produtos perigosos ou mesmo passageiros. “A exposição a microorganismos é constante, seja no transporte de pessoas, animais, combustíveis ou materiais radioativos. É um trabalho extremamente penoso e que coloca em risco a saúde do motorista”, alerta Alves Jr. Acidentes – Os acidentes de trânsito têm impacto direto na saúde pública, seja pelos danos físicos ou psicológicos sofridos pelas vítimas e seus familiares, que podem gerar seqüelas permanentes. De forma inversa, a má condição de saúde física e mental (sono, influência de entorpecentes e álcool, stress, medo, redução dos reflexos, visão etc.) pode levar à incidência de acidentes viários. Estresse – O barulho das buzinas, os congestionamentos, além do tempo que motoristas perdem no trânsito desencadeiam reações fisiológicas que, se levadas ao extremo, podem comprometer o equilíbrio do organismo. De acordo com Alves Jr, esse quadro pode contribuir para a ocorrência de acidentes de trânsito. “O estresse (tanto físico, psicológico ou social) afeta o indivíduo e é mais um fator de preocupação. O medo de ser assaltado ou agredido, o fato de estar distante da família ou mesmo de não poder dar a atenção necessária à própria saúde, tornam ainda mais cansativa essa rotina”, conclui. Sono e direção – A privação do sono e a exaustão são fatores que diminuem a atenção do motorista e aumentam, potencialmente, o número de acidentes. Para cumprir as longas jornadas de trabalho, motoristas profissionais lançam mão do consumo de estimulantes para se manter acordados, porém comprometem a saúde e a segurança.
Fonte: Investimentos e Negócios