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Por Agência de Notícias Publicado 04/08/2018 às 03h00 Atualizado 08/11/2022 às 22h13
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Veículo é desmontado para o processo de blindagem. Foto: BSS Serviços de Blindagem
Evie Gonçalves – Agência CNT
Inúmeras regras devem ser seguidas por aqueles que desejam blindar um veículo. O Exército é responsável por regular e fiscalizar essa medida. Todas as normas estão previstas na portaria nº 55 da corporação, atualizada em junho do ano passado. Trata-se da principal regulação sobre blindagem balística no país e dispõe sobre procedimentos para fabricação, importação, exportação, comércio, locação e utilização dos veículos blindados. A portaria ainda fala da prestação do serviço em veículos, embarcações, aeronaves e estruturas arquitetônicas.
Entre as regras, estão a obrigatoriedade de registro do veículo junto ao Exército, com validade de três anos. A principal norma, porém, diz respeito ao nível de proteção autorizado para veículos convencionais. A exceção se dá para veículos das Forças Armadas, classificados como de uso restrito, que resistem até mesmo a disparos de metralhadora. Esse tipo de veículo é utilizado em exercícios operacionais para fins de adestramento da tropa, em missões de manutenção da paz coordenadas pela ONU (Organização das Nações Unidas) e em missões de garantia de lei e da ordem em território nacional.
“A blindagem para veículos convencionais suporta disparos de qualquer arma de mão, automática ou não”, explica o presidente da Abrablin (Associação Brasileira de Blindagem), Marcelo Christiansen.
De acordo com a portaria do Exército, ela cobre tiros de armas com calibre igual ou inferior a 44 e a 9 FMJ. Segundo as regras da corporação, esse tipo de blindagem é autorizado a cerca de 250 empresas distribuídas em todo o país e passa por uma série de etapas.
Na prática, a tecnologia é dividida entre blindagem opaca e transparente, sendo a primeira realizada na lataria e a última, nos vidros. Para que os veículos sejam blindados, todo o carro é desmontado, com exceção do motor, câmbio e painel. Inicialmente, os veículos recebem cerca de três camadas de vidro e uma de acrílico – que fica do lado interior do veículo. Cada camada é afixada com uma cola especial a uma temperatura que chega a 130°C. Em seguida, é iniciada a blindagem da lataria, feita com até 12 camadas de manta de aramida, espécie de tecido, que, em combinação com o aço inox laminado a frio, não enferruja e resiste balisticamente bem. Todo o processo leva cerca de 45 dias para ser concluído.
Mesmo que o registro da blindagem seja válido apenas por três anos, a tecnologia, em si, dura um período maior. “Se dependêssemos da manta de aramida utilizada na lataria do veículo, a blindagem duraria o tempo de vida do automóvel. O problema são os vidros. Até pouco tempo atrás, a blindagem durava cerca de três anos por causa de um processo chamado de delamidação, que faz com que as camadas descolem naturalmente devido à exposição ao sol. De lá para cá, entretanto, os fabricantes melhoraram os processos, o que estendeu a durabilidade dos vidros para, em média, cinco anos”, explica o sócio proprietário da BSS Serviços de Blindagem Ltda., Mário Brandizzi.
Foto: Exército
Segundo Brandizzi, o Exército endureceu as regras de blindagem, no ano passado, proibindo a recolagem de vidros em caso de delamidação – processo que era autorizado até então. “As pessoas costumavam fazer isso quando precisavam vender o carro, porque ninguém iria comprar um automóvel com vidro danificado. Assim, o veículo ficava com a aparência saudável. Esse processo foi proibido, porque a medida era paliativa e não impedia outra delamidação. Agora, se houver algum problema, o proprietário do veículo tem que trocar o vidro inteiro”, ressalta.
Questionado se o mesmo veículo pode passar por novo processo completo de blindagem, Brandizzi acredita que a medida não é economicamente viável, porque os valores dos automóveis decrescem muito ao longo dos anos, ou seja, o proprietário teria que investir alta quantia na proteção e perderia dinheiro na venda. “O mais recomendável é usar o veículo com zelo e cuidado. Assim, a blindagem pode durar até oito anos, momento em que o cliente deverá comprar um novo carro.”