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11 de novembro de 2024

Adaptação de ciclovias é uma das alternativas para fugir do trânsito


Por Mariana Czerwonka Publicado 15/08/2011 às 03h00 Atualizado 10/11/2022 às 18h48
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Francisco Pereira de Sousa, 38 anos, é morador de Samambaia e trabalha como mecânico em uma oficina no Guará. O excesso de engarrafamentos fez Sousa trocar o carro pela bicicleta e, com isso, diminuir em 20 minutos o tempo de deslocamento de casa até o trabalho. Há cinco anos, ele sai de sua residência às 7h, pedala 25 quilômetros e, em 40 minutos, está na porta da oficina. Diariamente, arrisca-se entre os automóveis. “Quando os congestionamentos tomam conta do acostamento, tenho que pedalar entre os carros. Fui fechado duas vezes, caí, mas não me machuquei. Também já fui assaltado duas vezes. Apesar disso, não troco a bicicleta por nada. A cidade precisa mesmo de ciclovias”, diz. Francisco Prada, professor de educação física e doutor em biologia molecular, concorda com Sousa, que conserta bicicletas na oficina do Guará. Segundo ele, as ciclovias são necessárias para garantir não só a segurança como a qualidade de vida para quem escolhe andar de bicicleta. Prada avalia que as pistas exclusivas para os veículos sobre duas rodas são uma alternativa para o caótico sistema de transporte do Distrito Federal. O pesquisador, que também trabalha com o treinamento de ciclistas, desenvolveu um estudo no qual chega à conclusão de que todos os canteiros centrais que dividem as vias das regiões administrativas são pontos adequados para a construção de ciclovias. “No Pistão Sul, por exemplo, já existe uma trilha no chão. A EPTG foi construída com grandes espaços entre as vias e nenhuma ciclovia foi inserida no projeto”, detalhou. Segundo Prada, o investimento nas pistas para ciclistas é baixo e são necessárias apenas adaptações nas calçadas para construção de rampas, instalação de postes de iluminação, sonorizadores e pintura de faixas. “Pedestres, cadeirantes e deficientes também se beneficiariam com esses espaços e a mobilidade urbana, que atualmente não existe, seria uma realidade”, explicou. O pesquisador também sugere a construção de bicicletários públicos no metrô e em pontos de grande concentração de pessoas, como o centro da Ceilândia e a área central de Brasília. De acordo com o professor, essa iniciativa estimularia o transporte sobre duas rodas e seria uma alternativa para a prática de exercícios físicos. “O uso da bicicleta como meio de transporte previne a obesidade, a diabetes e hipertensão”, comenta. Boas condições Na opinião do especialista em trânsito Artur Morais, doutorando em políticas públicas de transportes pela Universidade de Brasília (UnB), as vias e os canteiros centrais do DF têm boas condições para abrigar as ciclovias. Segundo Morais, pesquisas científicas apontam que andar de bicicleta em trajetos de até 8 km é mais vantajoso e rápido do que de carro. Para o pesquisador, as facilidades para comprar um veículo e a mentalidade do brasiliense em preferir o automóvel atrapalham as mudanças na capital federal. “Também falta um pouco de motivação política para que os projetos de criação de ciclovias saiam do papel. Por outro lado, a classe média de Brasília precisa se conscientizar de que os ganhos com o transporte por meio de bicicletas são enormes”, pondera. O programa de ciclovias do Governo do Distrito Federal (GDF) teve início em 2006 e foi planejado para a construção de 600 km de vias. Desse total, apenas 89,1 km foram entregues e outros 53,7 km estão em obras (veja arte). O servidor público José Roberto Torres dos Santos, 43 anos, mora no DF há cinco anos e sempre teve o hábito de usar a bicicleta como meio de transporte. Santos reside no Cruzeiro e todos os dias pedala 11 km, por 25 minutos, para chegar até a Esplanada dos Ministérios. Na volta para casa, passa na 906 Sul para buscar a filha Alanis, 4. “Gasto o mesmo tempo de carro e bicicleta para ir ao trabalho. Sobre duas rodas não enfrento engarrafamentos. O deslocamento no DF é fácil, posso ir a qualquer lugar porque tudo é plano. Não há cidade mais adequada para a instalação de ciclovias. As pistas e os canteiros são ótimos pontos. As pessoas ganham em qualidade de vida e saúde.” Mortes Dados do Departamento de Trânsito (Detran) mostram que mais ciclistas têm morrido nas vias do DF. No ano passado, foram 34 mortes em acidentes nas vias do DF, uma média de 2,8 casos por mês. Até maio deste ano, 18 perderam a vida — o que significa uma média mensal de 3,6 registros. Fonte: Correio Braziliense

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