Queda na criação de empregos formais e risco de 300 mil novas demissões no setor de autoescolas
Falas públicas do secretário da Senatran apresentadas de forma midiática e sem um projeto técnico consistente, têm gerado forte instabilidade no setor de formação de condutores.

Dados oficiais do Caged/MTE divulgados nesta semana apontam queda preocupante na geração de vagas formais no Brasil. Em julho de 2025, foram criados apenas 129,8 mil empregos com carteira assinada, número bem abaixo dos 307 mil registrados no mesmo período de 2021.
O movimento confirma uma tendência de desaceleração do mercado de trabalho formal e acende o alerta em diversos setores da economia — entre eles, o das autoescolas, que já enfrenta incertezas diante de declarações recentes da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran).
Nos últimos 30 dias, falas públicas do secretário da Senatran, Adrualdo Catão, apresentadas de forma midiática e sem um projeto técnico consistente, têm gerado forte instabilidade no setor de formação de condutores.
Impacto econômico
Conforme representantes nacionais dos Centros de Formação de Condutores (CFCs), a utilização da máquina pública para divulgar ideias vagas e sem estudo de impacto econômico provoca desconfiança e já começa a refletir em demissões.
O setor de autoescolas emprega hoje mais de 300 mil trabalhadores formais em todo o Brasil, entre instrutores, atendentes, diretores e outros. Caso as incertezas e se confirmem mudanças estruturais sem debate técnico, o país poderá assistir a uma onda de desemprego imediata. Assim, ampliando ainda mais os números já preocupantes do Caged.
A perda de 300 mil empregos formais no setor de autoescolas teria impactos diretos e bilionários para o país:
- Massa salarial perdida: R$ 840 milhões/mês, ou R$ 10,08 bilhões/ano, deixariam de circular na economia.
- FGTS: R$ 67,2 milhões/mês (R$ 806 milhões/ano) deixariam de ser depositados nas contas dos trabalhadores.
- INSS/Previdência: R$ 168 milhões/mês (R$ 2,016 bilhões/ano) a menos de arrecadação.
- Impostos e contribuições diretas: cerca de R$ 84 milhões/mês (R$ 1,008 bilhão/ano) a menos nos cofres públicos.
No total, o impacto direto ultrapassaria R$ 13,9 bilhões ao ano.
Além do impacto econômico, qualquer tentativa de desmonte da formação de condutores afetaria diretamente a segurança viária no Brasil, país que já registra mais de 30 mil mortes por ano no trânsito.
A educação para o trânsito é reconhecida pela OMS e pelo próprio PNATRANS como um dos pilares fundamentais para salvar vidas. Enfraquecer esse processo pode custar caro não apenas em empregos, mas em vidas perdidas.
O Caged mostra que o Brasil vive um momento delicado no mercado de trabalho formal. Nesse cenário, medidas precipitadas e declarações midiáticas sem estudo aprofundado, como as da Senatran, podem transformar-se em gatilho para uma crise setorial de grandes proporções — com a perda imediata de 300 mil empregos, redução bilionária de arrecadação pública e sérias consequências sociais e econômicas.
As informações são de Alisson Maia

O Brasil nao pode ter essa massa de trabalhadores formais que será demitidos receita valiosa para os cofres públicos só por causa de um ministro que quer voto para se eleger
Lamentável um governo que se diz ser a favor do trabalho permitir que um ministro, que é de outro partido , tenha ideias tão fora da realidade, só porque as eleições vem aí. Total falta de responsabilidade o governo permitir uma fala destas, é fácil decidir a vida dos outros!
Demorou anos pro Detran organizar o sistema de habilitação com instrutores e diretores devidamente preparados, agora querem desmontar o que funciona relativamente bem.