Cinto de segurança para crianças em motos: entenda a polêmica
Recentemente passou a circular na internet anúncios de um cinto de segurança específico para o uso de crianças em motocicletas. O equipamento não tem regulamentação pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), mas também não há proibição específica do seu uso. O Portal do Trânsito, através dessa matéria, tenta elucidar questões de legislação e de segurança referentes ao uso de cinto de segurança para crianças em motocicletas.
De acordo com o Dr. José Heverardo Montal, diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), a motocicleta é o modal de transportes apontado pelas estatísticas como o de maior risco para a saúde e a vida das pessoas nela transportadas.
“As mesmas estatísticas apontam que crianças e adultos jovens são os mais vulneráveis dos usuários das vias. A motocicleta é veículo por natureza instável, que exige considerável habilidade não só para o condutor como para o garupa transportado, que também precisa entender a lógica da geometria instável deste equipamento de transporte”, alerta.
Conforme o médico, isso explica alguns requisitos da legislação brasileiro em relação ao transporte de crianças em motocicletas. “A legislação que proíbe o transporte em crianças com idade inferior a 10 anos leva em conta a informação médica sobre a fragilidade da criança e a sua incompleta maturação óssea, com menor capacidade de resistir às forças geradas em eventos indesejados de trânsito, caso dos sinistros envolvendo motocicletas, especialmente agressivos”, explica.
Benefícios do cinto de segurança em moto
Sobre o cinto de segurança em motocicletas, Dr. Montal questiona a eficácia do equipamento.
“Considerando que é da natureza das motocicletas a inexistência de carenagem que proteja os ocupantes, ou habitáculo que os protejam em caso de sinistros, cabe questionar qual seria a proteção conferida por estes equipamentos passivos de segurança, ou seja, que evitam as consequências do evento que já ocorreu? Em qual estrutura do veículo eles estariam ancorados? Se atados a outro ocupante, que benefício propiciaria, levando em conta que todos estariam submetidos à mesma lógica da biocinemática do trauma, lançados violentamente para fora do veículo?”, pergunta.
O médico explica o porquê nos automóveis o uso do cinto é tão importante. “O uso do cinto como equipamento de segurança nos automóveis está baseado na proteção conferida por ele ao fixar o condutor ou os passageiros à estrutura do veículo. Ou seja, no caso de impacto súbito por ocasião de um sinistro, os ocupantes do veículo não seriam lançados de encontro às estruturas do habitáculo ou mesmo dos outros ocupantes, evitando choques potencialmente nocivos à frágil estrutura do organismo humano, mecanismo que estaria agravado na ainda mais frágil estrutura da criança”, justifica Dr. Montal.
Maio Amarelo
Aproveitando o Maio Amarelo 2024, o diretor da Abramet deixa uma mensagem para que as pessoas possam refletir nesse mês de conscientização pela segurança no trânsito.
“É vital a importância da mobilidade para os seres vivos da nossa espécie. Também é natural que a mobilidade produza efeitos colaterais. Mesmo praticando caminhada estamos sujeitos a eles e podemos sofrer danos consideráveis em caso das denominadas quedas da própria altura. À medida que a velocidade nos deslocamentos aumenta estes efeitos nocivos se tornam mais frequentes e mais graves. É patente a fragilidade humana frente às forças geradas pela energia cinética. Planejar os deslocamentos traz a possibilidade mágica de controlar a pressa e prescindir da velocidade como instrumento para ganhar tempo e se expor ao risco. Nada justifica submeter a saúde e a vida à doença que vem assumindo cada vez maior protagonismo, a ponto de hoje ser considerada como a patologia da modernidade, primeira causa de morte a ameaçar crianças e adultos jovens”, finaliza Dr. José Heverardo Montal.
Bom dia! Perfeita essa reflexão sobre esse equipamento que virou fenômeno no Brasil, ao ponto de muitas pessoas acreditarem que ele traz proteção para as suas crianças. infelizmente não conseguimos percebemos ainda qualquer ação das autoridades da área, principalmente na minha cidade Alagoinhas , BA.
Parabéns pela matéria