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02 de novembro de 2024

Mortes causadas pela mistura álcool e direção entre jovens de 18 a 34 anos caem no Brasil

30% dos adolescentes da Geração Z optam por consumir menos álcool.


Por Agência de Conteúdo Publicado 13/10/2024 às 08h15
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Morte de jovens no trânsito por álcool
É importante lembrar que os acidentes de trânsito não afetam apenas os adultos. Foto: vova130555@gmail.com para Depositphotos

A educação em segurança viária é fundamental para criar uma cultura de respeito e responsabilidade nas estradas. Conhecer e aplicar as regras de trânsito não só garante uma viagem segura, mas também contribui para a prevenção de acidentes, ou melhor, sinistros de trânsito. Ao ensinar motoristas, pedestres e ciclistas sobre a importância da sinalização, dos limites de velocidade e do uso adequado das vias, obtém-se um ambiente rodoviário mais seguro e ordenado, reduzindo o risco de mortes.

Também aumenta a conscientização sobre os perigos que podem surgir ao se ignorar as regras de trânsito. Violações, como dirigir sob o efeito de álcool ou usar dispositivos móveis enquanto dirige, são fatores que aumentam a probabilidade de acidentes fatais. Ao promover uma atitude responsável desde cedo, é possível reduzir o número de acidentes e salvar vidas.

O consumo de álcool, especialmente entre os jovens, é uma das principais causas de sinistros de trânsito fatais. Quando sob a influência do álcool, as habilidades motoras, os reflexos e a capacidade de tomar decisões são gravemente prejudicados, aumentando o risco de acidentes.

Muitos jovens subestimam o impacto do álcool em sua capacidade de dirigir e, às vezes, se envolvem em comportamentos imprudentes que colocam em risco a própria vida e a de outras pessoas.

O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) estabelece que qualquer pessoa com mais de 18 anos de idade tem o direito de obter uma carteira de motorista, sem impor um limite máximo de idade. Embora exista a crença de que é possível iniciar o processo de habilitação antes dos 18 anos, a lei não permite isso. Embora tenha havido discussões sobre a redução da idade mínima ou sobre a possibilidade de iniciar o processo alguns meses antes de atingir a maioridade, nenhuma mudança oficial foi implementada.

No entanto, nos últimos anos, foi observada uma mudança positiva no comportamento de consumo de álcool entre os jovens no Brasil, um fenômeno que poderia ter um impacto significativo na redução de acidentes e mortes relacionados ao álcool.

De acordo com o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), os dados mais recentes mostram que a porcentagem de mortes relacionadas ao álcool entre jovens de 18 a 34 anos diminuiu consideravelmente.

Em 2010, 20,5% das mortes de jovens estavam ligadas ao álcool, enquanto em 2022 esse número caiu para 13,7%. Assim, a taxa de 33 por 100.000 habitantes permanece abaixo dos níveis observados em 2010, quando era de 36,7 por 100.000 habitantes.

Consumo de álcool na Geração Z brasileira

Globalmente, houve o registro de uma tendência semelhante entre adolescentes e jovens adultos.

Em muitos países desenvolvidos, o consumo excessivo de álcool diminuiu consideravelmente desde os anos 2000, e o Brasil não foi exceção. Um estudo de 2019 entre estudantes de 13 a 17 anos revelou estabilidade no consumo de álcool, mas também um ligeiro aumento na experimentação do álcool entre mulheres jovens. No entanto, pesquisas mais recentes, como a realizada pelo Vigitel e monitorada pelo Ministério da Saúde, mostraram uma queda no abuso de álcool entre jovens de 18 a 34 anos em 2021, refletindo maior conscientização e autocontrole por parte dessa geração.

Essa mudança de comportamento está sendo impulsionada, em parte, pela Geração Z (nascida entre 1995 e 2010), que está adotando uma abordagem mais moderada em relação ao consumo de álcool. Um estudo realizado pela consultoria Go Magenta mostrou que cerca de 30% dos jovens dessa geração bebem menos para evitar a chamada “ressaca moral”, um sentimento de culpa e arrependimento após uma embriaguez.

Além disso, o preço do álcool também desempenha um papel importante na redução de mortes, pois os jovens dessa geração são menos propensos a gastar grandes somas de dinheiro em bebidas alcoólicas.

Essa atitude contrasta com a geração millennials, que tende a se preocupar mais com os efeitos físicos de uma ressaca, mas ainda assim apresenta hábitos de consumo mais elevados do que a Geração Z.

Outro aspecto interessante é o surgimento do fenômeno que se conhece como “vergonha de estar sóbrio”, que ocorre quando as pessoas que optam por não consumir álcool são discriminadas ou excluídas socialmente. Esse comportamento reflete a pressão social que ainda existe em torno do consumo de álcool, mas também destaca a crescente conscientização sobre os efeitos negativos do álcool na saúde e no bem-estar geral.

Diante desse cenário, as empresas do setor começaram a se adaptar às novas demandas dos jovens investindo em produtos sem álcool ou com baixo teor alcoólico. As bebidas sem álcool, como coquetéis sem álcool e vinhos sem álcool, estão ganhando popularidade entre a Geração Z.

Um estudo da IWSR, que analisa o setor de bebidas em 10 mercados importantes, incluindo o Brasil, mostrou que as vendas de bebidas não alcoólicas cresceram 37,5% entre 2018 e 2022, atingindo US$ 11 bilhões. Esse crescimento reflete as mudanças nas preferências dos consumidores, que buscam opções mais saudáveis e conscientes.

Números desanimadores sobre mortes de jovens

No primeiro semestre de 2024, São Paulo teve um aumento alarmante de mortes de pedestres, consolidando-se como o período mais mortal dos últimos cinco anos. De acordo com o portal Infosiga, administrado pelo Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP), houve o registro de 700 mortes de pedestres, um aumento significativo em comparação com as 585 fatalidades no mesmo período de 2023.

Esse aumento de 19,7% reflete uma crescente crise de segurança viária que afeta uma das maiores cidades do Brasil, onde o álcool está presente como uma das causas. Além disso, o número é ainda mais preocupante quando comparado a 2022 e 2019, quando o número de fatalidades subiu para 678 no primeiro semestre do ano.

Esse cenário reforça a necessidade urgente de implementar medidas mais eficazes para proteger os pedestres, que, de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), devem ter prioridade nas ruas.

A lei determina que o motorista que desrespeitar o ponto de travessia de pedestres incorre em infração grave ou gravíssima, com multas que variam de R$195,23 a R$293,47, dependendo da gravidade da infração, além do acúmulo de pontos na carteira de motorista.  No entanto, a frequência desses acidentes é uma evidência de que as penalidades atuais, juntamente com as exigências de seguro do carro, não são suficientes para mudar o comportamento dos motoristas.

O perfil das mortes no trânsito em São Paulo reflete uma tendência clara: os homens representam 79% das mortes e as taxas de mortalidade aumentam com a idade. Os números são preocupantes na faixa etária de 15 a 19 anos, que registrou 12 mortes, enquanto na faixa etária de 25 a 29 anos, o número subiu para 40 mortes.

Causas de hospitalizações em crianças e adolescentes

É importante lembrar que os acidentes de trânsito não afetam apenas os adultos. Crianças e adolescentes também sofrem as consequências da segurança viária.

Um estudo recente da Aldeias Infantis SOS revelou que, em 2023, as hospitalizações por acidentes em geral entre menores de idade aumentaram quase 8% em relação ao ano anterior.

Entre os dados mais preocupantes, houve o registro de 11.245 hospitalizações por lesões não intencionais em crianças de 0 a 14 anos. Dessa forma, refletindo o maior número desde o período pré-pandêmico em 2019. Dessas hospitalizações, os acidentes de trânsito foram responsáveis por 5,13% das incidências, classificando-se como a quinta principal causa.

Em termos de fatalidades, houve uma leve redução de 1% no número de crianças e adolescentes mortos em acidentes entre 2021 e 2022, com 3.237 mortes. Embora os acidentes de trânsito não sejam mais a principal causa de morte entre menores, sendo superados pela asfixia, que causou 31% das mortes, é preocupante que a segurança no trânsito ainda represente um risco significativo para essa população.

Material produzido pelo site O Melhor Trato

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