Mortes no trânsito: até quando?
Joel Garcia da Costa*

Aqui já cabe uma pergunta, o que é melhor: morrer ou ficar numa cama ou cadeira de rodas pelo resto da sua vida?
É uma questão difícil de se responder, porque primeiramente não podemos escolher a saída mais fácil, no caso o fim de nossa vida, afinal, ela nos foi dada de presente, o melhor de todos, e não cabe a nós buscar essa medida que no mínimo podemos classificar como covarde.
A segunda alternativa é viver, dependendo de tudo e de todos, driblando a insensibilidade, a falta de acessibilidade, enfim, sobreviver num mundo construído e edificado para as chamadas pessoas “normais”.
O que pode ser feito para estancar essa realidade chocante e crescente, que se mantem no primeiro trimestre de 2015, segundo dados do mesmo DPVAT?
Minha resposta é simples, tal eu mesmo: investimento maciço em Educação de Trânsito e tecnologia para fiscalização daqueles que insistem em permanecer no erro.
Essa educação que cito deve ser amplamente reforçada durante a formação do condutor, num sistema que hoje muitos criticam e definem como falho, e em complemento, a chamada reciclagem deve ocorrer em curto espaço de tempo para que a mensagem seja assimilada ao cidadão no decorrer de sua maturidade.
Quanto à fiscalização eletrônica de todos os tipos deve ser aperfeiçoada de tal forma que os menores erros e que normalmente resultam em acidentes graves possam ser reduzidos e legislação de trânsito, já ampla, possa ser efetivamente cumprida, sendo um fundamental complemente à educação citada.
Quem discordar de mim não sofreu ainda nenhum mínimo impacto do que a violência do trânsito pode causar a uma família ou a um simples conhecido. Nas palestras que ministramos sobre o tema é comum pessoas se emocionarem de tal forma descontrolada, quando se deparam com vídeos ou comentários nossos que a fazem reviver o momento da tristeza da perda do ente querido. Isso ocorre porque a morte no trânsito se dá de forma violenta e inaceitável, não é um acaso comum do destino ou até enxergado como uma ação direta do Nosso Criador. E a ferida que causa naqueles que ficam pode até cicatrizar, mas a dor permanecerá presente enquanto esse ser existir…
*Joel Garcia da Costa é Chefe da Seção de Gestão do Transporte Coletivo, Responsável pelo Setor de Estatísticas do Departamento Municipal de Trânsito da Secretaria de Obras e Serviços Públicos da Prefeitura Municipal de Itatiba