Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nossos sites, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao acessar o Portal do Trânsito, você concorda com o uso dessa tecnologia. Saiba mais em nossa Política de Privacidade.

26 de julho de 2024

Fenive alerta para PL que quer acabar com autorização prévia para as modificações em veículos


Por Pauline Machado Publicado 29/06/2022 às 19h31 Atualizado 08/11/2022 às 21h07
Ouvir: 00:00

A entidade alerta que a proposta de acabar com autorização prévia para as modificações em veículos pode colocar em risco a segurança no trânsito. 

Modificações em veículosConforme a Fenive, se aprovada, a proposta pode colocar em risco a segurança no trânsito. Foto: Depositphotos

De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a modificação veicular vai além da customização do veículo pelo proprietário, como o rebaixamento da suspensão ou instalação de acessórios estéticos. Para veículos que necessitam se adequar a aplicações específicas, como food trucks ou caminhões que trocam a carroceria aberta para uma caçamba basculante, a modificação torna-se obrigatória, conforme estabelecido no artigo 106 do CTB, e regulamentado pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran). E a possibilidade de aprovação da proposta de acabar com autorização prévia para as modificações em veículos assusta especialistas no assunto.

A emissão do certificado de segurança veicular (CSV) – por parte de instituições técnicas licenciadas pela Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) – e acreditadas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) – assegura que as alterações promovidas seguem previsões técnicas e legais. Dessa forma, preservando a integridade física do proprietário do veículo, dos demais ocupantes e daqueles que trafegam pela mesma via do veículo modificado.

No entanto, o Projeto de Lei nº410, de 2022 (PL 410/22), de autoria do deputado federal Luís Miranda (União-DF), tramita no Congresso Nacional com o objetivo de acabar com a inspeção para modificação de veículos.

Se aprovada, a proposta pode colocar em risco a segurança no trânsito. Isso porque incentiva a circulação de carros, motocicletas, caminhões ou ônibus modificados irregularmente, incluídos aqueles recuperados de sinistros, trazendo maiores riscos de acidentes de trânsito.

Riscos para a segurança

A direção da Federação Nacional da Inspeção Veicular (Fenive), entidade que reúne 240 empresas do Brasil, alerta para os riscos da aprovação desse projeto. Além disso, demonstra-se preocupada com uma declaração do autor do PL em um canal do Youtube.

“Ele declara que a intenção não foi somente desburocratizar o processo de modificação veicular. Mas, sim, deixar que os proprietários de veículos façam o que quiserem, sem qualquer tipo de controle por parte das autoridades de trânsito. O deputado diz, ainda, que não haverá mais a necessidade de inspeção pelo Inmetro. Isso não é verdade! O projeto aprovado na Comissão de Viação e Transportes – CVT não diz isto. Fim de inspeções para regularização dos veículos modificados seria uma afronta à necessidade de aprimorar a segurança viária, reduzindo as mortes e lesões no trânsito”, reproduz o diretor-executivo da Fenive, Daniel Bassoli Campos.

Legislação atual

De acordo com a legislatura atual, o processo de regularização do veículo modificado se inicia com a escolha da lista das mudanças previstas no sistema pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Atualmente, esta escolha é feita no momento da emissão da autorização prévia, através de comunicação entre Detran e o Sistema de Certificação de Segurança Veicular e Vistorias (SISCSV).

Levando-se em consideração que o proprietário do veículo não é um técnico da área, a recomendação é que uma empresa de inspeção indique ao sistema as alterações técnicas que podem ser realizadas. É essa empresa de inspeção que deve estar em contato direto com o cidadão para saber o que é pretendido e orientar se é possível fazer. Assim sendo, evita-se erros no processo. “Além disso, pode haver risco para o usuário. Isso porque que não haverá garantia que o veículo esteja sendo modificado corretamente, dentro das possibilidades permitidas pelo Contran e dos requisitos técnicos necessários. Se o cidadão realizar alteração insegura ou não permitida, corre o risco de ter a sua regularização indeferida pelo órgão de trânsito. Dessa forma, haverá perda de tempo e dinheiro”, enfatiza e acrescenta Bassoli.

A diretoria da Fenive dá outros exemplos de modificações que, se realizadas, poderão afetar a sociedade. É o caso do aumento de decibéis emitidos por uma motocicleta ou de lotação em ônibus e micro-ônibus.

“Não defendemos o fato de o Detran interferir na vontade do cidadão em modificar o seu bem. Pelo contrário. Há necessidade, no entanto, de uma informação prévia do cidadão ao órgão de trânsito. Dessa forma, ele será orientado corretamente sobre os requisitos técnicos e legais”, salienta o diretor-executivo da entidade.

Tramitação

O Projeto de Lei nº 410, de 2022, que altera a Lei nº 9.503, de 1997, para extinguir a prévia autorização exigida para a modificações em veículos, foi aprovado pela Comissão de Viação e Transporte da Câmara dos Deputados, com apresentação de um substitutivo por parte do relator, deputado Darci de Matos. O texto seguiu para a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ).

A Fenive, no entanto, está entregando aos deputados federais um documento, solicitando que a CCJ e o senado não suprimam a autorização prévia. Pede-se que o seu conceito seja alterado para “informação prévia”, com desenvolvimento de solução informatizada, sem cobrança de taxas pelos órgãos estaduais de trânsito. Além disso, a entidade solicita uma audiência pública na CCJ. O objetivo é demonstrar a importância da regulamentação das modificações veiculares e da atividade de inspeção de segurança veicular. “Este assunto requer amplo debate entre as partes interessadas na segurança viária, com apoio de especialistas. Não entendemos o porquê da celeridade na aprovação deste projeto. Ele deveria passar por audiências públicas bem como pelo plenário da Câmara”, questiona e finaliza o diretor-executivo da Fenive, Daniel Bassoli Campos.

 

Receba as mais lidas da semana por e-mail

Comentar

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *