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06 de novembro de 2024

Governo dará incentivo a veículos elétricos


Por Talita Inaba Publicado 03/03/2013 às 03h00 Atualizado 08/11/2022 às 23h46
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O governo fará uma correção nas regras do regime automotivo para incluir os veículos elétricos e híbridos na nova política industrial. O programa passou a valer neste ano e tem vigência até 2017. Ele prevê benefícios ficais para quem atingir as exigências estipuladas pelo governo. Entre as obrigações–que vão de investimento em pesquisa a um mínimo de peças nacionais–um dos maiores desafios, na visão das montadoras, é o de atingir a meta de melhorar em 12% a eficiência dos carros até 2017. Como a conta é feita para a média de todo o portfólio da marca, veículos elétricos e híbridos, de consumo inferior, poderiam ajudar montadoras que têm o modelo a alcançar a meta.

O texto inicial do regime, contudo, não previa a participação desses modelos. Heloísa Menezes, secretária de desenvolvimento da produção do Mdic (Ministério do Desenvolvimento), disse à Folha em outubro do ano passado que eles ficaram de fora devido à complexidade do tema. “São bichos diferentes e precisam de uma dieta especial”, afirmou na época. Segundo a Folha apurou, a correção será incluída em um decreto com especificações técnicas do regime a ser publicado nos próximos dias. O governo estuda ainda dar um peso maior para a categoria na conta, como já é feito em países desenvolvidos– um elétrico, por exemplo, contaria por três. Para a indústria, as medida são bem-vindas, mas insuficiente para viabilizar a categoria. “Nos outros mercados, conta muito porque já tem um volume razoável. A ideia é boa, mas você precisa criar um mínimo de mercado”, afirma o vice-presidente da Ford, Rogelio Golfarb.

CRIAR MERCADO

A Ford, assim como as outras, acredita que a criação do mercado será possível quando o governo criar uma classificação tributária específica para a categoria. Hoje, os veículos elétricos pagam 25% de IPI e os híbridos são tributados de acordo com a motorização, em geral acima de 13%. Os grupos também pedem um alívio no imposto de importação, de 35%, como um caminho para viabilizar a produção nacional no futuro.

Com essas medidas, em estudo pelo governo, o Fusion, híbrido da Ford, passaria a custar 5% a mais que o normal e não 30% como hoje, estima Golfarb. O Prius, recém-chegado híbrido da Toyota, teria uma redução de R$ 30 mil, o que poderia elevar a estimativa de vendas de 100 para 500 unidades/mês. Sem o alívio tributário ainda, marcas como Ford e Toyota contam hoje com o que consideram uma demanda “espontânea” por seus modelos, de consumidores como o aposentado Sérgio Pesse, que conheceu o modelo em pesquisas na internet. “Comprei mesmo assim [sem incentivos] porque eu quero conhecer o carro”, diz.

ETANOL

No debate sobre políticas para categoria, governo e montadoras começam a convergir em um ponto: incluir o etanol nas novas tecnologias. O caminho natural seria um híbrido a etanol, como sugere Bruno Jorge, da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial). Toyota e Ford já mostram disposição em desenvolver, no futuro, versões de híbridos com o uso do biocombustível brasileiro. Seria a etapa final do plano vislumbrado pelas marcas, de criar mercado com os importados, partir para fabricação nacional em seguida, até o desenvolvimento da nova tecnologia. “O híbrido é uma grande opção para o Brasil porque você pode ter as belezas do sistema elétrico tocadas também por biocombustível. É um caminho natural porque não existe desafio tecnológico para fazer um híbrido flex, então, à medida que você cria o segmento, gera volume e começa a viabilizar esse tipo de tecnologia”, diz Golfarb Segundo ele, o etanol deve ser considerado até mesmo para a etapa seguinte, a da célula de combustível, para ser usado na reação eletroquímica para alimentar o motor.

A ABDI convocou especialistas e acadêmicos para apresentar soluções tecnológicas que poderiam colocar o Brasil na rota de desenvolvimento do carro elétrico e híbrido, como forma de subsidiar a criação de políticas ao setor. A avaliação dos técnicos é de que é precisar evitar apostas equivocadas tomadas por outros países. “Houve muito entusiasmo em 2008, 2009 e 2010”, diz Jorge. Uma das propostas rejeitadas é conceder um bônus ao comprador, como é feito em países desenvolvidos. “Nós estamos mais preocupados em estruturar para que isso [o desenvolvimento do mercado] ocorra de maneira sustentável e ligado a nossa matriz energética, o etanol, do que dar um simples incentivo”, completa.

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