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01 de dezembro de 2024

Inflação dispara e carro ‘coletivo’ é opção


Por Mariana Czerwonka Publicado 20/01/2014 às 02h00 Atualizado 08/11/2022 às 23h20
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Inflação sobre transportes

Impacto dos transportes no IPCA foi multiplicado por sete em um ano; calculadora simula custos de carro, moto, táxi, bicicleta, ônibus e metrô

A inflação dos transportes disparou em 2013 mesmo sem o reajuste das tarifas públicas na maioria das capitais. O impacto do grupo foi quase multiplicado por sete no IPCA, passando de 0,48% em 2012 para 3,29% no ano passado. Os transportes, que também incluem as passagens aéreas, têm atualmente o segundo maior peso no orçamento das famílias, atrás apenas de alimentação e bebidas, segundo o IBGE.

Em São Paulo, onde o trânsito compromete a qualidade de vida, compartilhar o automóvel pode ser mais barato do que ônibus ou metrô, dependendo da distância e do número de pessoas que dividirão a conta. Isso é o que mostra a Calculadora da Mobilidade Urbana, publicada pelo Estadão.com.br. A ferramenta compara os custos de deslocamentos com carro, táxi, moto, transporte público e bicicleta na capital.

Um dos mitos derrubados é exatamente o de que o carro é sempre mais caro que o transporte público. Para um percurso de até 20 quilômetros, dividir os gastos de um automóvel popular por quatro pessoas é mais vantajoso do que ônibus ou metrô. No caso do Gol, o trecho por pessoa custará R$ 2,99, contra R$ 3 da tarifa única. Com o carro cheio, o valor seria ainda menor: R$ 2,39. Já em um veículo de luxo, como o Porsche Cayenne, o custo será quase dez vezes maior (R$ 28,43). (Veja a simulação completa e entenda como a ferramenta funciona)

“A depreciação é o principal peso para o carro de luxo. Já para o popular, a maior pressão vem do combustível”, diz Nelson Beltrame, professor da FIA e um dos autores do estudo.

A inflação dos transportes deveria ter sido até maior em 2013, avalia o coordenador do Laboratório de Finanças do Insper, Michael Viriato. “Os preços das tarifas e da gasolina estão represados e devem voltar a subir com força depois das eleições”, diz. Mesmo após o reajuste de 4% em dezembro, o combustível segue subsidiado pelo governo.

Além dos carros, a lógica da carona pode ser aplicada aos táxis. Após analisar o itinerário de 600 clientes corporativos, a empresa de gerenciamento de táxis Wappa concluiu que muitas corridas saem de lugares próximos e vão para o mesmo destino. A partir disso, lançou uma função para organizar caronas. “Individualismo e correria ainda são grandes entraves”, avalia César Matias, diretor de tecnologia da Wappa.

Para o presidente da WTS BRA e professor da FGV, Fernando Zilveti, a eficiência é o principal desafio. “Quando se fala em administração pública e empresarial, a questão do transporte não envolve apenas o cálculo de custos, mas também saber otimizar os recursos”, diz.

Reverter a lógica individualista do transporte é prática que ganha cada vez mais adeptos. Na Europa, estudo da consultoria Frost & Sullivan prevê que a adesão ao compartilhamento de veículos vai saltar de 700 mil pessoas em 2011 para 15 milhões em 2020. Ou seja, mais gente disposta a combinar os meios de locomoção em prol da mobilidade.

Atualmente, diversos aplicativos e sites tentam promover o transporte solidário. Lançado em 2011, o site Caronetas é um exemplo. Para facilitar a divisão de custos entre quem dá e quem pega a carona, o site lançou uma moeda virtual que gera flexibilidade nos pagamentos.

Desafios

Na prática, contudo, nem sempre é fácil combinar várias modalidades de transporte. A média de ocupação dos automóveis em São Paulo continua perto de 1,4 pessoa. “Carro lotado a gente só vê em dia de velório, casamento ou jogo de futebol. No dia-a-dia, até dentro de uma mesma família é difícil conciliar os horários e montar uma grade de caronas”, avalia o consultor de trânsito e mestre em Transportes pela Universidade de São Paulo (USP), Horácio Augusto Figueira.

Ele alerta que a maioria das pessoas só lembra do custo do combustível na hora de computar o gasto diário com um carro, mas a despesa é muito maior e abarca itens como depreciação e manutenção. Ao incluir o estacionamento, para deslocamentos curtos, o táxi pode ser imbatível frente ao carro. Além da conta econômica, ele lembra que questões como segurança, conforto e tempo de deslocamento – ou mesmo se é um percurso eventual ou cotidiano – são variáveis importantes.

Fonte: Estadão

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