Mais da metade da malha rodoviária tem falhas em sinalização e pavimento, diz CNT
Levantamento divulgado nesta quarta-feira (9) pela CNT (Confederação Nacional do Transporte) mostra que mais da metade da malha viária do Brasil tem problemas com sinalização, pavimento e geometria. Foram analisados cerca de 110 mil quilômetros, entre rodovias federais pavimentadas e as principais estaduais.
De forma geral, a Pesquisa CNT de Rodovias 2022 apontou que 66% do total avaliado foi considerado regular, ruim ou péssimo -no levantamento de 2021, eram 71,8% dos 109 mil quilômetros avaliados.
No quesito pavimento, foram avaliadas as condições de superfície, rolamento e acostamento. De forma geral, 55,5% da quilometragem total foi avaliada como regular, ruim ou péssima. O levantamento mostra que 50,5% (55.679 km) da extensão apresenta desgaste na superfície e 35% (38.618 km) conta com trincas em malha ou remendos.
Sobre a sinalização, 60,7% da malha foi considerada regular, ruim ou péssima. Com relação a esse item, foram avaliadas faixas centrais e laterais, placas de regulamentação, advertência e indicação, visibilidade e legibilidade, além de barreiras de proteção.
Em 40% (44.112 km) da extensão avaliada, a pintura da faixa central está desgastada, e em 8,3% (9.187 km) ela inexiste. A faixa lateral está desgastada em 40,2% (44.360 km), e em 14,3% (15.767 km) ela desapareceu.
A pesquisa da CNT também avaliou a geometria das vias, que leva em conta, por exemplo, se há acostamento e faixa adicional de subida, além das condições de pontes e viadutos e perfil das curvas. O resultado apontou 63,9% de regular, ruim ou péssimo.
As pistas simples, de mão única ou mão dupla, representam 85,6% (94.393 km) da extensão avaliada. Quase metade não conta com acostamento (44,6% ou 49.251 km).
Segundo a CNT, estimativa aponta que, neste ano, houve consumo desnecessário de 1,07 bilhão de litros de diesel fóssil pelo setor de transportes, o que custou em torno de R$ 4,89 bilhões, fora os danos ambientais decorrentes disso.
O levantamento aponta que as más condições de pavimento, por exemplo, provocam um aumento de 37,1% no custo operacional das rodovias sob gestão pública e de 17,8% daquelas que foram concedidas.
Dado divulgado em fevereiro e atualizado agora mostra que, no ano passado, foram registrados 64.515 acidentes em rodovias federais, que resultaram na morte de 5.395 pessoas -aumento de 2% em relação a 2020, quando foram 5.287 óbitos. No aspecto financeiro, esses acidentes causaram um prejuízo de R$ 12,75 bilhões para o país.
A CNT aponta ainda que o estado geral das rodovias sob gestão pública é pior do que aquele apresentado pelas vias concedidas. Segundo a pesquisa, 75,3% das malha gerenciada pelo poder público foi classificada como regular, ruim ou péssima, ante 31% daquela que está nas mãos das concessionárias.
AVALIAÇÃO
A pesquisa aponta que a qualidade das rodovias voltou ao patamar de 2009, quando apenas 31% do total apresentava avaliação entre entre ótimo e bom, o que mostraria a dificuldade de se manter constância no processo de melhoria. “Não é um problema de um só governo, mas de estado”, disse o diretor executivo da CNT, Bruno Batista.
A partir de 2016, o nível de investimento caiu ano a ano, saindo de R$ 11,55 bi para R$ 6,06 em 2021. Neste ano, foram gastos até o momento R$ 3,9 bi, Como comparação, em 2010, o volume foi de R$ 20,65 bi.
“É preocupante, porque tira o dinamismo do transporte, gera perda de eficiência, aumento dos custos logísticos totais. Na prática, o custo Brasil”, disse Batista, que apontou ainda o fato de o país se aproximar de um nível perigoso, onde não bastaria mais a manutenção, mas, sim, a reconstrução da malha viária.
Segundo a CNT, o governo federal investe R$ 163,07 mil, em média, a cada quilômetro, enquanto nas rodovias sob concessão o investimento é de R$ 405,15 mil por quilômetro.
Para o diretor executivo da CNT, uma boa estimativa de quanto deveria ser investido pelo governo federal é adotar aquilo que a iniciativa privada já faz atualmente. “Numa conta simples, seria triplicar os recursos disponíveis. De R$ 5 bilhões para R$ 15 bilhões por ano, ao longo de uma década, para solucionar os pontos críticos”, afirmou Batista.