Estudo mostra que condições da infraestrutura são fortes indutoras à ocorrência de acidentes que são atribuídos a falta de atenção dos condutores
Estudo “Acidentes Rodoviários e a Infraestrutura”, divulgado nesta segunda-feira (4) pela CNT (Confederação Nacional do Transporte) apresenta os principais fatores que contribuem para a ocorrência dos acidentes rodoviários no Brasil faz uma relação entre eles e as características da infraestrutura rodoviária existente nos locais das ocorrências.
O estudo é baseado no registro de acidentes com vítimas ocorridos em rodovias federais de todo o país realizado pela Polícia Rodoviária Federal e nos resultados da Pesquisa CNT de Rodovias 2017. De acordo com os dados coletados, entre 2007 e 2017, apenas em rodovias federais policiadas, foram registrados 1,65 milhão de acidentes, média de 411,3 por dia. No mesmo período, 83.481 pessoas morreram nessas estradas, o que corresponde a mais de 20 mortes por dia. Essas estatísticas indicam que o Brasil apresenta um atraso de 35 anos em relação aos países desenvolvidos, onde quantidade semelhante de mortes e de acidentes rodoviários era um problema do início da década de 1980.
O trabalho da CNT também aponta a frequência e a gravidade dos acidentes segundo o tipo de infraestrutura existente, mapeando, ainda, os cem trechos rodoviários onde se concentra o maior número de mortes.
Sinalização deficiente
Os boletins de ocorrência da PRF atribuem a falta de atenção do motorista como causa de 44,6% dos acidentes com vítimas. O estudo da CNT destaca indicadores que relativizam essa posição.
Por exemplo, placas ilegíveis ou desgastadas comprometem a condução segura. Em locais com placas totalmente legíveis, o índice de mortos por 100 acidentes é de 7,1, contra 20,7 quando as placas estão ilegíveis (portanto um risco quase 3 vezes maior). O estudo mostra também que o fato de haver obstrução que encubra parcial ou totalmente as placas também faz com que a gravidade dos acidentes aumente.
Outro exemplo, nos trechos com sinalização classificada como ótima, a gravidade dos acidentes é bem menor. São registrados 5,3 óbitos a cada 100 acidentes. Quando a sinalização é péssima, são 10,7 mortes por 100 acidentes, ou seja, 2 vezes mais.
Ainda de acordo com o estudo, falta de informação nas rodovias mata. Nos trechos em que as placas indicativas de limite de velocidade são ausentes, o índice de mortes por 10 km de extensão é de 19,9. Onde elas são presentes, cai para 10,2.
Outra informação importante é que 47,7% dos acidentes e das mortes em BRs ocorrem em trechos com problemas de pintura da faixa central (desgastada o inexistente). Onde há problemas na pintura lateral, há uma concentração de 49,5% dos acidentes com vítimas e de 53,5% das mortes.
“Esse estudo comprova que há uma forte relação entre os acidentes e a qualidade das rodovias. São dados consistentes que, mais uma vez, comprovam a necessidade de realização de fortes investimentos em infraestrutura de transporte”, afirma o presidente da CNT, Clésio Andrade.
Trecho mais perigoso
Ainda conforme o estudo, um trecho de 10 km da BR-101 no município de Guarapari (ES) foi considerado o mais perigoso do país “Acidentes Rodoviários e a Infraestrutura”. No levantamento, a Confederação avaliou 4.571 trechos de até 10 km e adotou o critério de maior número de mortes em acidentes registrados em 2017, para chegar à lista dos cem trechos mais perigosos do Brasil.
O segmento que está no topo do ranking localiza-se entre os quilômetros 343,1 e 353,1 da BR-101, onde ocorreram 21 mortes e 14 acidentes. Uma das causas desse resultado está no fato de que o trecho foi palco, no ano passado, de um acidente que envolveu duas ambulâncias, um ônibus e uma carreta – todas as mortes foram registradas pela polícia nessa ocorrência.
Conclusão
Esse exorbitante número de acidentes e de mortes causa prejuízos a toda a sociedade. Um país que busca desenvolvimento necessita de políticas capazes de minimizar esses graves danos. É certo que diversos fatores influenciam essas ocorrências. Entretanto a insuficiência de investimento em infraestrutura é fator que contribui decisivamente para a insegurança nas rodovias do país. A CNT acredita que os acidentes poderiam, em sua maioria, ser evitados caso houvesse ações efetivas de manutenção, adequação e construção, além de fiscalização eficiente da malha rodoviária brasileira.
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As informações são da Agência CNT de Notícias