Nenhuma autoescola de BH atingiu mínimo de sucesso em exames
Além disso, dos 274 centros de formação, 174 não conseguiram 30% de aprovação da prova de rua
Nenhuma das 274 autoescolas privadas de Belo Horizonte conseguiu 60% de aprovação em seus exames práticos para automóveis. Além de não chegar ao índice mínimo recomendado pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), a maioria não conseguiu que 30% dos exames de seus alunos fossem de sucesso. Os dados são do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG), de janeiro a setembro deste ano. O sindicato da categoria culpa a legislação, que estimularia os alunos a partir para o exame antes de estar prontos. Já os especialistas cobram mais capacitação dos instrutores.
De acordo com a Resolução 358 do Contran, as autoescolas que não atingirem o percentual mínimo só podem ter seu registro renovado se seus instrutores passarem por um curso de reciclagem. A fiscalização é feita anualmente. A regra começou a valer neste ano, com a implantação do curso – a primeira turma começou ontem.
Bem abaixo
Do total de Centros de Formação de Condutores (CFCs), 174 tiveram o índice de aprovação abaixo de 30% – são seis em cada dez autoescolas da capital. Outros 17 centros não conseguiram alcançar sequer 20% de sucesso e apenas oito aprovaram mais de 40%.
O Sindicato dos Proprietários dos Centros de Formação de Condutores de Minas Gerais (SIPROCFC) aponta a legislação como o problema. O presidente da entidade, Rodrigo Silva, diz que as 20 horas mínimas necessárias para que o aluno faça o exame não são suficientes para formar um motorista. “Muitos alunos fazem as 20 horas e insistem em marcar o teste. Só que para se preparar é preciso pelo menos 50 horas. Na Espanha, por exemplo, o mínimo é de 120 horas de aula, com prática inclusive nas rodovias”.
O presidente ainda contesta a forma como o exame de rua é feito. Segundo ele, a técnica é ultrapassada e deveria focar mais a desenvoltura do aluno no tráfego. “Meu pai fez o exame para tirar carteira há 50 anos, meu filho, no ano passado, e a única coisa que mudou é que agora a baliza é feita separada do resto. É preciso uma evolução, que avalie a condução no trânsito de forma mais prática e não apenas algumas técnicas específicas”.
Já para o advogado especialista em direito de trânsito Carlos Cateb, o problema vai além. “É preciso maior fiscalização nas autoescolas para que lidem com o treinamento de motoristas de maneira mais séria. Falta técnica aos instrutores. Meu medo são os que passam mesmo não estando bem-treinados e deixam o trânsito perigoso”.
Órgãos oficiais
Além das 274 autoescolas destinadas ao público comum, a capital conta com quatro exclusivas para corporações policiais – os CFCs da Academia de Polícia Civil, do Detran-MG, do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar. Todas conseguiram ultrapassar os 60%.
Por causa do Dia do Servidor Público, ponto facultativo nas instituições estaduais, nenhum representante do Detran-MG foi encontrado.
Reciclagem
O primeiro curso de reciclagem de instrutores em Minas ocorreu no mês de setembro. O projeto piloto reuniu 160 profissionais de 40 autoescolas que não alcançaram 60% de aprovação. Desse total, 15 foram reprovados e quatro desistiram do curso. Agora, o Detran-MG aplica pela segunda vez o curso, dessa vez para 1.040 profissionais de 2.060 centros de formação do Estado.
Simulador
A partir de janeiro, as aulas em simulador serão obrigatórias para tirar carteira de motorista. Serão no mínimo cinco horas/aula no equipamento, em sessões de 30 minutos cada.
Fonte: O Tempo