Paulistanos usam skate como 'meio de transporte'
Quando o português Ricardo Cruz, 36, colocou seu skate na bagagem que trazia ao Brasil, foi pelo mesmo motivo que incluiu suas pranchas de surfe: divertir-se. “Depois, percebi que valia a pena usá-lo como meio de transporte”, conta o fotógrafo, que com o skate nos pés busca o filho na escola e vai a reuniões de trabalho.Transporte público deficitário e trânsito caótico têm levado muitos dos skatistas da capital a usarem o “carrinho” –como dizem os adeptos da prancha sobre rodas– não só como lazer mas também para se deslocar pela cidade.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) desaprova e diz que o skate deve ser utilizado apenas em parques e pistas próprias. Utilizá-lo em ruas e calçadas traz “risco à segurança não só do skatista mas também à dos motoristas, motociclistas e pedestres”, afirma.Mas as calçadas e as ruas esburacadas, a carência de ciclovias e o trânsito agressivo da capital não impediram o produtor de vídeo Luis Rodrigues Alves, 32, de trocar seu carro pelo carrinho. “De skate chego aos lugares tranquilo, feliz. De carro, chegava triste. E atrasado.”
Série de obstáculos
Muitos skatistas, porém, consideram inviável sua utilização como meio de transporte na cidade. “Nenhum espaço de São Paulo foi feito pensando em transportes alternativos”, diz a jornalista Alexandra Iarussi, 22.
Adepta do carrinho há seis anos, parou de usá-lo pelas ruas da metrópole, afirma, antes que se acidentasse. Mas a portabilidade do carrinho faz com que seus adeptos se esforcem em vencer as dificuldades. “Você pode ir de skate de casa até o ponto e pegar o ônibus”, diz Alexandra. Também é fácil de esconder o skate quando for necessário. “Não dá para entrar em qualquer reunião com o skate na mão”, conta Cruz.
Entre as reclamação dos adeptos em São Paulo, estão as trepidantes calçadas de pedra portuguesa. “Não é uma cidade que está feita para isso [uso do skate]”, afirma o skatista português.
Fonte: Folha Online