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Trânsito brasileiro: uma droga a ser enfrentada


Por Talita Inaba Publicado 09/04/2013 às 03h00 Atualizado 08/11/2022 às 23h43
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Pesquisa recente sobre álcool e drogas, realizada pelo Ministério da Saúde da Espanha, forneceu dados preocupantes: no país, dobrou o consumo de drogas hipno-sedativas nos últimos anos; subiu de 5,1%, em 2005, para 11,4%, em 2011. Estes números da pesquisa deixaram preocupados os dirigentes em relação à ocorrência de acidentes de trânsito. Os sedativos são a terceira droga mais utilizada em território espanhol, atrás apenas do álcool (76,6%) e tabaco (40,2%), e à frente de maconha (9,6%), cocaína (2,3%), ecstasy (0,7%) e as anfetaminas (0,6%).

Em geral, estes medicamentos são prescritos pelo médico – ou automedicados – para tratar condições como ansiedade ou depressão. A problemática reside no fato de que essas drogas têm sido cada vez mais usadas e podem causar tolerância e dependência. Seu abuso pode provocar distúrbios psicológicos e outros que têm muito a ver com a condução no trânsito: afeta a atenção, concentração, diminui os reflexos e podem causar sonolência. São sintomas claramente contraindicados para a condução segura.

O perigo pode ser comprovado pelos dados do Instituto Nacional de Toxicologia da Espanha, em seu estudo de autópsias em motoristas e pedestres mortos em acidentes de trânsito. Detectou-se que a presença de drogas psicoativas dobrou de 5,5%, em 2007, para 9,5 %, em 2011.

O Projeto Europeu DRUID – Dirigindo sob a Influência de Drogas, Álcool e Medicamentos – confirmou, recentemente, que o uso de substâncias psicoativas é frequente na Espanha, chegando a 16,9% dos motoristas. Outra pesquisa, do INTRAS-Instituto de Tráfego e Segurança Viária, concluiu que 77% dos condutores espanhóis dirigem em estado de estresse e 22% com depressão.

Mesmo com todo esse problema todo, a Espanha conseguiu reduzir, na última década, os acidentes de trânsito em 63%. Neste mesmo período, no Brasil, os acidentes cresceram 34%. É sabido que no Brasil o consumo de medicamentos é exagerado e existe o problema da automedicação. Pode-se, por conseguinte, esperar que nos motoristas brasileiros sejam verificados altos níveis de drogas medicamentosas que, associadas às drogas ilegais e ao álcool, venham a justificar os dados tão alarmantes de acidentalidade viária. Precisa-se de políticas públicas eficientes e eficazes para mitigar este problema.

O autor, Archimedes A. Raia Jr., é engenheiro, especialista em Engenharia e Segurança Viária, professor da UFSCar, coautor dos livros Segurança no Trânsito e Segurança Viária. Diretor de Engenharia da Assenag. E-mail: raiajr@ufscar.br

Fonte: JC net

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