14 de dezembro de 2025

Conheça os principais estudos científicos sobre o simulador


Por Márcia Pontes Publicado 10/01/2014 às 02h00 Atualizado 02/11/2022 às 20h40
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O valor do simulador

Enquanto as bombas caem no front (e por todo o lado) transformando o cumprimento da Resolução nº 444, que trata dos simuladores de direção, num campo de batalha e relegando a parte pedagógica a segundo plano, deixemos de lado um pouco a questão patrimonialista para conhecer alguns estudos científicos sobre o simulador.

Para aqueles que comparam o simulador de direção a um ATARI como já se viu nas redes sociais ou a brinquedinhos de luxo, é bom saber que trata-se de uma tecnologia de ponta que segue a tendência mundial de quem vive na sociedade da informação, da pesquisa e tecnologia.

O estudo de caso intitulado O Fiel Efeito do Simulador de Condução sobre a Eficácia da Formação foi realizado em 2007 por Allen, Park, Cook e Firentino, do Southern Califórnia Research Institute, nos Estados Unidos, demonstrarou que o uso do simulador de direção durante o processo de formação do motorista é uma das soluções para baixar os altos índices de acidentes de trânsito. A redução pode chegar a 50% entre os novos motoristas.

Em 2005 esses mesmos autores já tinham publicado pesquisa sobre como o simulador de direção influencia o desempenho da direção pelo motorista novato.

Ainda em 2007, uma pesquisa da Universidade Politécnica de Madri em conjunto com o Instituto Humanist e a Associação Européia para a Sociedade da Informação e Tecnologia divulgaram o Relatório sobre a eficácia dos simuladores como ferramenta educacional e o uso de Tecnologias da Informação (TI) para treinar e educar os motoristas.

Em 2010, Winter, Van Leeuwen e Happee, do Departamento de Engenharia Biomecânica da Delft University of Technology, na Holanda, apresentaram um estudo sobre as principais vantagens e desvantagens do simulador de direção.

Em 2011 os pesquisadores da Universidade de Massachussets e da Holanda apresentaram um estudo sobre os simuladores de direção como ferramenta para a formação e avaliação de novos condutores.

Os simuladores de direção também são utilizados para avaliar com muito mais fidelidade as condições para dirigir de candidatos com lesões cerebrais e as medidas de validação dos resultados são mais exatas do que um teste de estrada tradicional como preditor de condições e desempenho para dirigir (Taylor & Francis Group, 2011).

Esses são apenas alguns estudos sobre o assunto, dentre outros que desde o século passado vem investigando científicamente como os simuladores de direção podem ajudar a melhorar o processo de ensino e de aprendizagem da direção veicular. Pesquisadores como Caro (1977), Breda e Burry (1991), Dettermann (1993), Corteling, Oprins e Kallen (2001), Kappè (2001), Boldovici (2002), Alvarez, Salas e Garofano (2004), Hays (2005), Emmerik (2012), dentre muitos outros cientistas em todo o mundo.

Portanto, como se vê, o simulador de direção não é novidade nos países desenvolvidos e seu estudo vem sendo feito pelas mais respeitadas universidades que qualquer profissional que atue no trânsito e no ensino e aprendizagem da direção veicular gostaria de estar matriculado.

Não se trata de um brinquedinho bobo, de luxo ou novidade que inventaram agora como muitos possam pensar. A utilização de simuladores de direção pelo Departamento de Neurologia da Universidade do Kansas possibilitou detectar os efeitos do Mal de Alzheimer sobre o desempenho dos motoristas.

Os simuladores também são usados para pesquisas nas áreas de fatores humanos, clínicos e psíquicos (medicina), para monitorar o comportamento do condutor, desempenho, atenção, relação com uso de drogas e medicamentos e por fim relação com doenças. Em ambiente controlado experimental permite avaliar os efeitos das limitações físicas, mentais ou visuais no comportamento de condução e seus efeitos como a distração.

Para os deficientes físicos o simulador conta com provas de aceleração e frenagem feitas com os pedais ou pelo sistema push & pull, a alavanca que permite acelerar e frear com movimentos manuais de rotação e pressão.

No Brasil, os simuladores de direção tanto para carro quanto para moto foram e estão sendo desenvolvidos pela Fundação Certi (Centro de Referência em Tecnologia Inovadoras) da Universidade Federal de Santa Catarina, uma das mais respeitadas no Brasil e no mundo, sobretudo pela geração de soluções tecnológicas inovadoras.

Portanto, não cabe se referir ao simulador de direção de forma pejorativa e desabonadora para tentar mascarar ou justificar outros interesses patrimonialistas que estejam por trás de sua implantação.

Para quem não acredita ou torce contra, o momento é histórico para um processo de formação de condutores capenga e à beira de um colapso pedagógico, que precisa urgentemente ser atualizado, mudado e melhorado.

Márcia Pontes

Meu nome é Márcia Pontes, sou educadora de trânsito em Blumenau (SC), Graduada em Segurança no Trânsito na Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) e colunista de assuntos de trânsito do Portal de Notícias Blumenews. Sou pesquisadora do medo de dirigir e dos métodos de ensino da aprendizagem veicular pelo método decomposto, desenvolvido na Suíça e difundido em autoescolas italianas.Em 2010 iniciei nas redes sociais um trabalho de Educação Para o Trânsito Online (EPTon) utilizando a força das mídias sociais (Orkut, Facebook, Blog, MSN, Twitter, Youtube) com foco no acolhimento emocional, aprendizagem significativa e dicas de direção defensiva, ética e cidadania no trânsito.Escrevo o Blog Aprendendo a Dirigir voltado para alunos em processo de habilitação nos CFC e para motoristas habilitados com dificuldades e medo de dirigir. O foco deste trabalho voluntário reconhecido internacionalmente leva acolhimento emocional, aprendizagem significativa e fundamentos de ética, cidadania e humanização do trânsito para evitar acidentes, sobretudo por imperícia.No ano de 2012 publiquei o livro digital Aprendendo a Dirigir: aprendizagem pelo método decomposto para evitar traumas e acidentes durante a (re)aprendizagem da direção veicular. Em 2013 publiquei o livro Aprendendo a Dirigir: um guia prático de exercícios para quem tem medo de dirigir.Sou apaixonada por trânsito, respiro, pesquiso cientificamente e vivo o trânsito com compromisso existencial. A principal luta da minha vida: contribuir para rever e atualizar os métodos de ensino da direção veicular no Brasil substituindo o adestramento do aluno e a memorização pela construção de conceitos e de significados sobre o ato de dirigir defensivamente.

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