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Por que as bicicletas andam na contramão em Porto Alegre?


Por Rodrigo Vargas de Souza Publicado 25/10/2022 às 21h00 Atualizado 02/11/2022 às 19h56
 Tempo de leitura estimado: 00:00

Rodrigo Vargas levanta um tema bastante polêmico sobre tráfego de bicicletas na contramão das vias. Além disso, relaciona com uma situação da atual gestão municipal no que se refere ao incentivo ao modal.

Bicicletas na contramãoFoto: Divulgação/Arte: Portal do Trânsito

Enquanto ministrava uma palestra na SIPAT de uma empresa nesta semana, fui questionado por um funcionário da plateia sobre a orientação que era comumente repassada aos ciclistas antigamente, a qual dizia ser mais seguro que estes pedalassem com suas bicicletas pela contramão da via. Segundo o mesmo, essa orientação fazia sentido pois seria mais seguro se o ciclista visualizasse o fluxo estando de frente para ele.

Mais seguro para quem? – eu respondi. Um dos pressupostos básicos da direção defensiva é ver e ser visto, independentemente do modal que eu esteja. Isso vale para um veículo automotor ou não e até mesmo enquanto pedestre.

Lembremos que, conforme o parágrafo 2º do artigo 29 do CTB, “respeitadas as normas de circulação e conduta estabelecidas neste artigo, em ordem decrescente, os veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos menores, os motorizados pelos não motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres.”

Visto isso, imagine que você é um pedestre realizando a travessia de uma via. É natural que, antes de realizar a travessia, você volte a sua atenção para a direção do fluxo da via, não? Dessa forma, para o pedestre, em que sentido é mais seguro que o ciclista, que também está de posse de um veículo, esteja trafegando?

A bicicleta tem se mostrado a cada dia que passa uma alternativa viável e sustentável para o caótico trânsito, sobretudo nos grandes centros urbanos. Porto Alegre tem um Plano Diretor Cicloviário Integrado – (PDCI) aprovado desde 2009. O objetivo é “incentivar o uso da bicicleta como meio de transporte, dotando a cidade de instrumentos e infraestrutura eficazes para a implantação de uma rede cicloviária que propicie segurança e comodidade para o ciclista”. Esse Plano Cicloviário previa uma malha de 495 quilômetros. No entanto, mais de 10 anos após a sua aprovação, a cidade conta apenas com 70 quilômetros dessa malha construída.

No último Dia Mundial do Ciclista, celebrado em 15 de abril, a prefeitura publicou uma boa notícia para os porto-alegrenses que utilizam a bicicleta como meio de transporte ou para lazer e atividade esportiva. A previsão de aumento da malha cicloviária para aproximadamente 100 quilômetros até 2024.

É impossível falar em transporte cicloviário e não pensar em cidades como Amsterdam e Copenhagen, duas grandes referências no transporte por bicicletas. Na capital holandesa, por exemplo, que conta com uma malha de ciclovias de mais de 760 quilômetros e aproximadamente 900 mil bicicletas, estima-se que cerca de 60% dos moradores com mais de 12 anos de idade utilize diariamente esse modal. Os dados são da secretaria de turismo da cidade. Dados que fazem parecer estarmos apenas engatinhando no que diz respeito a ciclomobilidade, ou melhor, a recém tirando as rodinhas…

Entretanto, uma notícia recente me deixou um tanto apreensivo quanto aos caminhos tomados pela gestão municipal no que se refere ao incentivo ao modal. Diante de um crescente número de cidades que vêm ofertando bicicletas compartilhadas mundo afora, muitas delas até mesmo de forma gratuita, a capital gaúcha anunciou um reajuste considerável no valor dos planos para o serviço. Além disso, uma limitação no número de viagens diárias.

Tal fato me faz questionar se não estaremos, assim como o meu interlocutor na palestra acreditava ser o mais seguro, pedalando na contramão?

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