05 de dezembro de 2025

Cidadania em movimento: do carrinho de compras à direção responsável

Em artigo da jornalista Bianca Monteiro, atitudes cotidianas revelam como a cidadania e o respeito coletivo começam fora do volante — e fazem toda a diferença também no trânsito.


Por Artigo Publicado 11/07/2025 às 18h00
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cidadania no trânsito
No fim das contas, civilidade é isso: agir corretamente mesmo quando ninguém está olhando. Foto: Mark800 para Depositphotos

Bianca Monteiro *

No trânsito, não somos apenas condutores, pedestres, ciclistas ou passageiros — somos cidadãos em movimento, partilhando um espaço comum que exige mais do que regras: exige respeito, empatia e cooperação.

Cada pessoa é parte ativa do sistema viário, e seu comportamento impacta diretamente a segurança coletiva. Ser cidadão no trânsito é reconhecer-se como sujeito de direitos e deveres, como alguém que compartilha a via pública com outros seres humanos igualmente vulneráveis e dignos de cuidado.

A civilidade no trânsito se manifesta nas escolhas diárias: ceder a passagem, respeitar o pedestre, evitar atitudes agressivas, manter a atenção, desacelerar, aceitar o tempo do outro. Esses gestos, embora simples, são expressões concretas de responsabilidade social. E vão além do cumprimento da lei — são sinais de que entendemos a convivência como uma construção coletiva.

A segurança viária, conforme preconiza o PNATRANS, depende da atuação integrada do poder público e da sociedade. E nessa engrenagem, o cidadão é peça-chave: não apenas como beneficiário das políticas públicas, mas como coparticipante de sua efetividade.

Em tempos em que o desafio da redução de sinistros exige novas estratégias, o chamado à cidadania cooperativa se faz ainda mais necessário.

Não se trata apenas de evitar punições, mas de cultivar valores que fortalecem o tecido social: solidariedade, responsabilidade e o compromisso com a vida.

Uma forma simples de compreender esse papel coletivo é observar quem somos no dia a dia — por exemplo, no estacionamento do supermercado. A cena é comum: depois de colocar as compras no carro, algumas pessoas deixam o carrinho largado entre os veículos, ocupando vagas ou dificultando a passagem. Outras o levam até o local apropriado, mesmo que isso signifique andar alguns metros a mais. Pode parecer banal, mas essa pequena atitude diz muito sobre nosso grau de civilidade, empatia e consciência comunitária.

Esse exemplo cotidiano ilustra com clareza o que significa ser cidadão em uma comunidade: pensar no outro, facilitar a vida de quem vem depois, colaborar com os trabalhadores do local e evitar pequenos transtornos que, somados, podem gerar grandes conflitos.

No trânsito, o princípio é o mesmo. Você é a pessoa que respeita a faixa de pedestres ou a que acelera para passar antes? A que reduz a velocidade perto de uma escola ou a que buzina impaciente? A que facilita a passagem ou a que fecha o cruzamento?

Ser cidadão no trânsito — assim como no estacionamento — é entender que o espaço é compartilhado. Cada gesto de cuidado contribui para um ambiente mais funcional, seguro e respeitoso. A convivência melhora quando assumimos nossa parte na engrenagem social, sem esperar que uma regra ou punição nos obrigue a fazer o certo.

No fim das contas, civilidade é isso: agir corretamente mesmo quando ninguém está olhando.
E no trânsito, isso pode significar a diferença entre a vida e um sinistro fatal.

Quem é você no trânsito e no mercado? O que coopera sem ser chamado ou o que larga o carrinho de qualquer lado?

*Bianca Monteiro é jornalista com experiência em mobilidade urbana, segurança viária e cidadania, atuando em comunicação institucional e na produção de conteúdos técnicos e educativos voltados à prevenção de sinistros e à valorização da vida no trânsito. Seu trabalho integra políticas públicas e promoção do comportamento seguro no trânsito, com ênfase em educação para o trânsito e no fortalecimento de valores como empatia, cooperação e responsabilidade coletiva, visando práticas sociais sustentáveis. Foi colaboradora da ONG Rodas da Paz, reconhecida por seus projetos em mobilidade urbana sustentável, cultura de segurança no trânsito e redução dos impactos ambientais do transporte.

Artigo

Artigo de especialista enviado aos canais do Portal do Trânsito.

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