07 de dezembro de 2025

Os pedestres, a falta de autocuidados e os acidentes


Por Márcia Pontes Publicado 15/04/2013 às 03h00 Atualizado 02/11/2022 às 20h46
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Condutores, quando um acidente de trânsito é provocado, principalmente um atropelamento, a tendência é que as pessoas se revoltem e culpem só o motorista. O acusam de ter abusado da velocidade, de não ter prestado atenção no pedestre, disso ou daquilo. Mas será que os pedestres também estão fazendo a sua parte como deveriam? Estão tendo autocuidados no trânsito?

O fato é que acidentes de trânsito bobos estão sendo provocados com muita frequência e deixando consequências graves, inclusive a morte, por conta da pressa das pessoas e por falta de autocuidados.

Qualquer criança sabe que antes de atravessar a rua temos que olhar para os dois lados, independente do sentido ou mão da via para perceber também os ciclistas que trafegam na contramão, os garotos do skate, do patinete, dos patins, enfim, tudo que se mova em nossa direção e entre em rota de colisão.

Qualquer pessoa deveria saber que antes de colocar o pé na pista de rolamento temos que olhar bem, calcular a distância dos veículos em movimento, estimar a velocidade que ele vem porque uma pessoa vai atravessar a rua em, no máximo, 5 ou 10km/h, mas o carro pode vir a mais de 60km/h. Nesses casos, uma tragédia anunciada pela falta de autocuidados.

É lastimável que muitos atropelamentos, tanto os com consequências menos graves até aqueles que deixam sequelas graves e mortes ainda venham sendo provocados por falta de cuidados básicos, de prevenção e de (re)conhecimento de nossos direitos e deveres no trânsito.

Tem muito pedestre que entende que aonde tem faixa de segurança ele pode passar de olhos fechados porque o motorista vai parar o carro. Ledo engano! É claro que os motoristas tem de respeitar a faixa e dar a vez ao pedestre, mas sabemos que nem todos agem assim, o que exige que nós, enquanto pedestres, façamos a nossa parte para evitar o atropelamento.

O mesmo Código de Trânsito Brasileiro que diz que a preferência é do pedestre na faixa e que os motoristas devem aguardar que as pessoas façam a conclusão da travessia mesmo com o sinal aberto para os carros é o mesmo que diz que o pedestre deve ter cuidado, olhar, prevenir, se antecipar ao acidente e atravessar na faixa somente quando o sinal estiver vermelho para os carros.

Nos trechos em que há faixa de pedestres sem sinalização semafórica e o fluxo de carros for grande deve-se aguardar até que o motorista conceda a passagem para a travessia. Se atirar na frente dos carros que vem com velocidade constante é um risco de grande potencial para atropelamentos.

Investir nos autocuidados no trânsito é fundamental, independente de quem esteja certo ou errado, independente de quem seja a vez ou a preferência. Nenhum pedestre deve se prevalecer do direito de preferência na faixa para se atirar na frente dos carros por um motivo muito simples: a responsabilidade e os cuidados básicos com nossa própria vida começam por nós mesmos. Não deixe que um motorista apressado, imperito, negligente ou imprudente decida por você. Muito menos que ele atropele a sua vida no trânsito.

Márcia Pontes

Meu nome é Márcia Pontes, sou educadora de trânsito em Blumenau (SC), Graduada em Segurança no Trânsito na Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) e colunista de assuntos de trânsito do Portal de Notícias Blumenews. Sou pesquisadora do medo de dirigir e dos métodos de ensino da aprendizagem veicular pelo método decomposto, desenvolvido na Suíça e difundido em autoescolas italianas.Em 2010 iniciei nas redes sociais um trabalho de Educação Para o Trânsito Online (EPTon) utilizando a força das mídias sociais (Orkut, Facebook, Blog, MSN, Twitter, Youtube) com foco no acolhimento emocional, aprendizagem significativa e dicas de direção defensiva, ética e cidadania no trânsito.Escrevo o Blog Aprendendo a Dirigir voltado para alunos em processo de habilitação nos CFC e para motoristas habilitados com dificuldades e medo de dirigir. O foco deste trabalho voluntário reconhecido internacionalmente leva acolhimento emocional, aprendizagem significativa e fundamentos de ética, cidadania e humanização do trânsito para evitar acidentes, sobretudo por imperícia.No ano de 2012 publiquei o livro digital Aprendendo a Dirigir: aprendizagem pelo método decomposto para evitar traumas e acidentes durante a (re)aprendizagem da direção veicular. Em 2013 publiquei o livro Aprendendo a Dirigir: um guia prático de exercícios para quem tem medo de dirigir.Sou apaixonada por trânsito, respiro, pesquiso cientificamente e vivo o trânsito com compromisso existencial. A principal luta da minha vida: contribuir para rever e atualizar os métodos de ensino da direção veicular no Brasil substituindo o adestramento do aluno e a memorização pela construção de conceitos e de significados sobre o ato de dirigir defensivamente.

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