07 de dezembro de 2025

Uma Federação Nacional para os instrutores


Por Márcia Pontes Publicado 22/11/2013 às 02h00 Atualizado 02/11/2022 às 20h41
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Federação Nacional dos Instrutores

Desde 2004 instrutores e instituições ligadas à categoria profissional dos instrutores de trânsito batalham para formar a Federação Nacional dos Instrutores de Trânsito (FENAINST).

A ideia começou a ser pensada já em 2004 por sugestões de profissionais do Paraná. A primeira reunião foi realizada em São Paulo, percorreu cidades como Campinas, estendeu-se à Belo Horizonte (MG), Brasília e Rio de Janeiro. Agora a causa é abraçada mais do que nunca pelo Sindicato dos Instrutores e Empregados em Autoescolas de Aprendizagem do Estado do Rio de Janeiro (SIEAERJ), tendo a frente o seu presidente, Adalto Noventa Medeiros.

O objetivo é criar uma entidade de representação dos instrutores de trânsito de todo o país. Nos municípios dos diferentes estados em que os instrutores não tenham um sindicato, a FENAINST se encarregará em dar todo o apoio necessário para que a categoria se mobilize, se organize e forme a sua própria representação local e estadual.

A proposta é de uma entidade de classe em nível de federação em defesa dos direitos e também dos deveres dos instrutores de trânsito em todo o país. Participarão diretamente da FENAINST os representantes indicados pelos sindicatos associados, com direito a vez e voto.

Detalhe importante: o instrutor que não for afiliado a nenhum sindicato da categoria não poderá participar. A Federação Nacional dos Instrutores terá sede móvel e suas instalações serão no estado de origem de cada presidente eleito até o final do mandato, quando haverá nova eleição para escolha de novo presidente e, conforme for, nova migração da sede.

Sobre os poderes que nascerão com a FENAINST para intervir em defesa das principais questões e pleitos dos instrutores afiliados de todo o Brasil, é o estatuto, construído inicial e coletivamente pelo grupo que pretende regulamentá-los, definir e determinar a abrangência dessa representatividade dos instrutores associados.

O presidente do SIEAERJ afirma que a federação deverá buscar em âmbito nacional a valorização profissional e os investimentos para a capacitação dos instrutores juntamente com seus respectivos sindicatos. A federação representará, inclusive, judicialmente os sindicatos e instrutores associados quando solicitada.

Mas o melhor de tudo é que os representantes dos instrutores de trânsito que estão tentando montar a federação não estão tapando o sol com a peneira. Não são daquele tipo que colocam a boca no trombone e só reivindicam direitos sem reconhecer os pontos fracos e ameaças da atuação profissional que ameaçam a formação do futuro motorista.

A federação nasce com a bandeira de luta por valorização e reconhecimento dos instrutores de trânsito de todo o Brasil, mas não deixa de puxar a orelha e de envergonhar-se dos profissionais que atuam sem ética, que não respeitam seus alunos e não procuram melhorar a cada dia.

Seu principal defensor e um dos principais idealizadores da FENAINST, Adalto Noventa Medeiros, compõe o grupo de trabalho em Brasília junto a diversos órgãos, entidades e representações nacionais que estão debatendo e tentando melhorar a formação de novos motoristas no Brasil.

Sua apresentação durante a primeira audiência pública na Comissão de Viação e Transporte da Câmara dos Deputados não poupou cada um dos integrantes do processo de habilitação no país que não atuam como deveriam atuar. E não passou a mão na cabeça de diretores de ensino e de instrutores mostrando que a honestidade, a lisura e a ética falam mais alto.

Não poupou os proprietários de CFC que não tem um projeto pedagógico definido. Não poupou os diretores de ensino que abandonam sua equipe de instrutores sem orientá-los, sem ajudá-los, sem avaliá-los e sem procurar o modo como ensinam.

Não poupou também os instrutores que envergonham a categoria por uma série de coisas que quem é da área sabe que acontece todos os dias, mas tenderá a deixar de acontecer com o apoio de uma federação que pretende nascer para lutar, apoiar e incentivar condições de trabalho dignas para os instrutores.

Dentre outras metas, a FENAINST lutará pela sensibilização e mobilização da categoria para a formação permanente que leve a substituição dos métodos de adestramento pela aprendizagem significativa da direção veicular.

Com a federação passando a existir, os próprios instrutores de trânsito que comporão os conselhos ajudarão a elaborar o código de ética da categoria e ajudar a fiscalizar a atuação dos colegas que não se pautam pela conduta ética desejada.

A federação Nacional dos Instrutores de Trânsito que está sendo criada – e esperamos que em breve saia do papel – terá poderes junto aos órgãos de trânsito e politicamente deverá ter sua representatividade respeitada.

Perguntando ao presidente do SIEAERJ sobre o que está faltando para que a FENAINST comece a operar, obtive como resposta que “uma das maiores dificuldades em sua fundação é a vaidade de muitos.”

Penso que a criação de uma federação nacional para os instrutores de trânsito é um passo mais importante do que a disputa para saber quem é o pai da criança. Há os interesses de uma categoria inteira em jogo e a fumaça que sai da fogueira das vaidades não deveria intoxicar uma proposta tão séria.

Márcia Pontes

Meu nome é Márcia Pontes, sou educadora de trânsito em Blumenau (SC), Graduada em Segurança no Trânsito na Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) e colunista de assuntos de trânsito do Portal de Notícias Blumenews. Sou pesquisadora do medo de dirigir e dos métodos de ensino da aprendizagem veicular pelo método decomposto, desenvolvido na Suíça e difundido em autoescolas italianas.Em 2010 iniciei nas redes sociais um trabalho de Educação Para o Trânsito Online (EPTon) utilizando a força das mídias sociais (Orkut, Facebook, Blog, MSN, Twitter, Youtube) com foco no acolhimento emocional, aprendizagem significativa e dicas de direção defensiva, ética e cidadania no trânsito.Escrevo o Blog Aprendendo a Dirigir voltado para alunos em processo de habilitação nos CFC e para motoristas habilitados com dificuldades e medo de dirigir. O foco deste trabalho voluntário reconhecido internacionalmente leva acolhimento emocional, aprendizagem significativa e fundamentos de ética, cidadania e humanização do trânsito para evitar acidentes, sobretudo por imperícia.No ano de 2012 publiquei o livro digital Aprendendo a Dirigir: aprendizagem pelo método decomposto para evitar traumas e acidentes durante a (re)aprendizagem da direção veicular. Em 2013 publiquei o livro Aprendendo a Dirigir: um guia prático de exercícios para quem tem medo de dirigir.Sou apaixonada por trânsito, respiro, pesquiso cientificamente e vivo o trânsito com compromisso existencial. A principal luta da minha vida: contribuir para rever e atualizar os métodos de ensino da direção veicular no Brasil substituindo o adestramento do aluno e a memorização pela construção de conceitos e de significados sobre o ato de dirigir defensivamente.

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