05 de dezembro de 2025

PARE: por que se dá tanta preferência a ela?


Por Rodrigo Vargas de Souza Publicado 28/03/2020 às 03h00 Atualizado 02/11/2022 às 20h05
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Placa PareFoto: Divulgação.

Recentemente, o amigo Fabrício Medeiros, instrutor de trânsito em Itajaí/SC, lançou seu primeiro infoproduto: Curso de Sinalização de Trânsito para Profissionais da Área. Nele, Fabrício resume mais de 1700 páginas de resoluções do CONTRAN em apenas 107 páginas, o que te economizará muito tempo em aprender o que é indispensável e importante saber sobre Sinalização de Trânsito.

Conversávamos sobre o curso e sobre algumas atrocidades feitas pelos órgãos gestores no que diz respeito à sinalização. Ele me enviou um vídeo que havia gravado há algum tempo, no qual falava sobre as diferentes aplicações da placa de pare (R1) e a de dê a preferência (R2).

No vídeo, em entrevista para o Portal do Trânsito, o colega Juliel Modesto fala sobre um assunto que eu já havia abordado em outro artigo: a banalização das leis de trânsito. Entendo que a mesma lógica se aplique tanto à legislação quanto à sinalização. Ou seja, quando uma sinalização é utilizada excessivamente de forma errônea ou mesmo desnecessária ela tende a ser desrespeitada.

Evidentemente que, assim como você talvez tenha feito, eu também acabei me perguntando enquanto assistia ao vídeo: mas por que se utiliza tanto assim a R1 e tão pouco a R2? A primeira razão lógica que me veio à mente, haja visto que vivemos em uma sociedade capitalista, foi financeira, obviamente. Tendo em vista que o desrespeito à R1 corresponde a uma infração gravíssima, enquanto o descumprimento da R2, grave. Logo, a arrecadação com aquela seria maior.

Ao expor minha teoria, o amigo instrutor rebateu dizendo crer se tratar de pura falta de conhecimento técnico por parte dos órgãos gestores. Porém, a triste realidade do nosso trânsito é que, muito provavelmente, o mais frequente é que as duas hipóteses estejam corretas…

Rodrigo Vargas de Souza

Sou formado em Psicologia pela Unisinos, atuo desde 2009 como Agente de Fiscalização de Trânsito e Transporte na EPTC, órgão Gestor do trânsito na cidade de Porto Alegre. Desde 2015, lotado na Coordenação de Educação para Mobilidade do mesmo órgão.Procuro nos meus textos colocar em discussão alguns dos processos envolvidos na relação do sujeito com o automóvel, percebendo a importância que o trânsito, espaço-tempo desse encontro, vem se tornando um problema de saúde pública. Tendo como objetivos, além de uma crítica às atuais contribuições (ou falta delas) da Psicologia para com a área do trânsito, a problematização da relação entre homem e máquina, os processos de subjetivação derivados dessa relação e suas consequências para o trânsito.Sendo assim, me parece urgente a pesquisa na área, de forma a se chegar a uma anuência metodológica e ética. Bem como a necessidade de a Psicologia do Trânsito posicionar-se de forma a abrir passagem para novas formas heterogêneas de atuação, que considerem as singularidades ao invés de servirem como mais um mecanismo de serialização das experiências humanas.

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