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27 de julho de 2024

Artigo – Os gaúchos são melhores?


Por Artigo Publicado 12/04/2022 às 21h24 Atualizado 08/11/2022 às 21h12
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A pergunta provocativa que J. Pedro Corrêa faz no título do artigo “Os gaúchos são melhores?” tem o objetivo de promover a discussão país afora.

“Sem radar, vale a consciência”. No mínimo surpreendente a placa itinerante usada pela Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), da Prefeitura de Porto Alegre, em algumas das vias de maior circulação e em pontos de maior risco de sinistros da capital gaúcha. A EPTC se utiliza há alguns anos de várias destas placas para apelar para a consciência e responsabilidade de condutores em geral para respeitar os limites de velocidade e com isto reduzir o número de sinistros.

É a primeira vez que vejo o uso de tal expediente para convocar a sociedade a contribuir para a paz no trânsito. Cirilo Faé, diretor de Operação e Fiscalização da EPTC, me explica que, como não dá para colocar um agente em cada ponto importante da cidade, é preciso usar outros meios disponíveis, assim como de baixo custo para ajudar no chamamento público e humanizar o trânsito.

Conforme me explicou o diretor, a sugestão surgiu dentro do Banco de Ideias, um estímulo que a empresa abre a seus colaboradores para contribuir com a melhoria do trânsito portoalegrense.

Foi adotada há alguns anos e tem deixado os funcionários muito satisfeitos. Cirilo me informa que as placas são colocadas todos os dias em pontos diferentes da cidade. Por isso são de fácil colocação.

Como medir a eficácia destas placas?

Que métrica utilizar para medir resultados?

“Ainda não fizemos isto mas possivelmente usando o setor de estatísticas e de controle de velocidade possamos ter uma resposta melhor que o nosso feeling”, me explica. Na avaliação geral, sem uso de métricas, os responsáveis julgam que as placas tem ajudado no que chamam de “apelo ostensivo à reflexão do condutor”.

Prometem, inclusive, aperfeiçoá-las. Julgo que a ideia merece aplausos pois é mais uma medida para tentar acalmar o trânsito e convidar as pessoas a cuidar melhor delas mesmas e dos demais usuários da via pública. Por experiência prática, já conhecemos muitas maneiras de como a coisa NÃO FUNCIONA.

Assim, por que não tentar novas formas, como esta, por exemplo?

Achei interessante compartilhar esta novidade com o restante do Brasil na expectativa de que outros municípios adotem o mesmo tipo de solução ou até mesmo o incrementem. O importante é que a luta por resultados para melhorar o trânsito não dá trégua, além disso é essencial buscar sempre novas formas mais efetivas.

Quando se trata de campanhas de comunicação social, objetivando mudanças de comportamento da população, os manuais que conheço enfatizam dois pontos essenciais para alavancar resultados:

1) as ações de campo, no caso, a colocação das placas de reflexão, como estas da EPTC e;

2) campanha de comunicação pelos meios de divulgação em apoio às “operações de campo”.

É importante que as pessoas que veem os painéis ao longo das vias, vejam também a mesma mensagem na tv, bem como na Internet, nos jornais, no rádio reforçando o chamamento.

Estou certo de que se tentarmos esta fórmula no Brasil também dará certo. E isto não se aplica apenas às maiores cidades, mas também às de menor porte. Possivelmente já esteja sendo aplicada em algumas cidades, notadamente naquelas capitais que, hoje, estão sendo assessoradas por instituições internacionais, o que torna o modelo ser copiado/adaptado por outros municípios do país.

A pergunta provocativa que faço no título deste artigo “Os gaúchos são melhores?” tem o objetivo precípuo de promover a discussão país afora. É possível que eles tenham algumas características que difiram de outras regiões mas no fundo somos todos brasileiros. Especialistas de outras áreas podem dizer melhor.

O que vejo no Rio Grande do Sul é que determinadas causas públicas – não falo especificamente de trânsito – parecem serem melhor abraçadas/apoiadas pela sociedade gaúcha.

Oxalá esteja certo também nesta questão das placas itinerantes de conscientização. O que dá certo numa cidade ou numa região não é garantia de que também dará noutros lugares.

Por isso é que se recomenda de que boas ideias não sejam apenas copiadas para adaptadas às características locais.

Todos sabemos das dificuldades de fazer os brasileiros obedecerem certas leis de trânsito mas é preciso observar se, em muitas delas, não há falhas na formulação das decisões, ou na concepção da legislação, na dificuldade de execução, na técnica de comunicação ou ainda na fiscalização.

Muitas vezes o aparelho governamental comete falhas que acabam levando a sociedade a não respeitá-las. Temos visto muitos exemplos neste país ao longo das últimas décadas. A vida é um eterno aprender.

Se temos evoluído bastante na segurança do trânsito brasileiro durante os últimos tempos é porque temos aprendido bastante. Em muitos casos, com o nossos próprios erros, mas muitas vezes copiando/adaptando ideias de “vizinhos”, o que é muito bom… e barato.

Que as placas de conscientização dos gaúchos para reduzir a velocidade, mesmo nos trechos em que não há radar para monitorar, sejam apenas mais um símbolo desta necessidade de apelar para novas formas de atingir antigos objetivos.

*J. Pedro Corrêa é consultor em programas de segurança no trânsito

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