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09 de dezembro de 2024

Risco de acidentes é 400% maior ao usar celular


Por Mariana Czerwonka Publicado 23/06/2014 às 03h00 Atualizado 08/11/2022 às 23h10
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Uso do celular no trânsito

Checar o e-mail, ler um whatsApp, mandar uma mensagem ou atender uma ligação mesmo estando dirigindo. Estas são cenas comuns no trânsito. A maioria das pessoas não se intimida com a multa de R$ 85 e a perda de quatro pontos na carteira de habilitação que a prática, se flagrada por um agente de trânsito, pode resultar. Usar o celular enquanto dirige é uma infração média, de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, equivalente a jogar lixo na rua ou dirigir com o braço para fora da janela. As três infrações, que resultam na mesma penalidade, levam o motorista a tirar uma das mãos do volante, assim como fumar ou passar batom.

Todavia o uso do celular é mais grave, segundo o diretor-geral do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) do Ministério da Saúde, João Antônio Matheus Guimarães. A prática diminui o arco reflexo do motorista. “O movimento que o motorista faz sem pensar, de forma involuntária e rápida”, explica. E que evita muitas colisões. “Usar o celular é muito mais grave que tirar a mão do volante”, atesta o médico. A lei que considera usar celular ao volante uma infração de gravidade média é de 1995, quando os celulares no Brasil eram pouco mais de 4 milhões. Hoje, chegam a 265 milhões e o aparelho é considerado uma epidemia mundial.

A mania de checar o celular a toda hora aumenta em 400% o risco de acidente, de acordo com uma pesquisa na Universidade de Utah (USA). Estima-se que mais de 20% dos acidentes de trânsito envolvam o uso do celular. Todavia, não é possível precisar esse dado porque os motoristas não costumam revelar a causa do acidente, relata o capitão da Polícia Rodoviária Estadual, Ricardo Pereira, dificultando uma estatística mais próxima da realidade.

Mandar mensagem quando está dirigindo é ainda mais perigoso, concluiu outra pesquisa internacional, do Laboratório Britânico de Pesquisas de Transito. Tem o mesmo efeito no motorista que o álcool ou drogas. Isso porque desvia o foco de atenção do motorista e ocupa parte de sua capacidade neurossensorial, explica Guimarães. A chance de colisão aumenta em até 23 vezes durante a digitação da mensagem, que diminui em 35% as condições de reação do motorista comprovou a pesquisa. Além de retirar a mão do volante, o motorista desvia toda a sua atenção para o aparelho.

A infração não é uma das mais importantes no ranking da Secretaria Municipal de Trânsito Transporte e Mobilidade (SMT); aparece apenas em sexto lugar. O que não quer dizer que não seja a mais recorrente. De acordo com o secretário da SMT, José Geraldo Freire, o baixo número de autuações ocorre porque o uso do celular não é detectado por equipamentos eletrônicos, como avançar sinal vermelho ou ultrapassar os limites de velocidade. O motorista precisa ser flagrado pelo agente de trânsito para ser autuado. “Mas basta ficar dez minutos em uma avenida para ver muito mais motorista usando o celular que avançando o sinal vermelho”, observa o secretário. Furar o sinal vermelho foi a terceira causa de autuações em 2013 nas estatísticas da SMT. Os carros parados em frente ao sinal verde é outro efeito do uso de celular, afirma o secretário. “É comum o sinal abrir e o motorista estar ocupado passando ou lendo uma mensagem no celular.”

De acordo com uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, feita nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo 84% dos motoristas confessaram ter o hábito de dirigir e falar ao celular, embora todos digam saber que o uso do celular aumenta as chances de acidente. Nas estradas goianas, o número de autuações por esse motivo aumentou dez vezes de 2010 a 2013, de acordo com as estatísticas da Polícia Rodoviária Federal. Mesmo sendo um crescimento significativo, é um número subestimado, segundo o inspetor Fabrício Rosa. Assim como na cidade, nas rodovias é preciso testemunhar a infração, já que os equipamentos eletrônicos não registram o ato.

O uso de fones de ouvido para falar ao celular é igualmente prejudicial, segundo o médico João Matheus Guimarães. Esse comportamento gerou, no ano passado, 414 multas nas estradas estaduais e, só este ano, 160 pessoas foram flagradas usando o equipamento.

O alto risco de acidente associado ao uso do celular tem levado os fabricantes de veículos a alertar os motoristas por meio de campanhas educativas. A da Volkswagen é veiculada nos cinemas e mostra, em um trailer, a visão de um motorista acelerando em uma estrada. O público mantém o olhar na tela até que todos os celulares recebem uma mensagem lembrando para manterem os olhos na estrada. A Honda dá o recado por meio de uma troca de mensagens entre um casal na tela do celular. Até que o motorista distraído se acidenta.

A Apple criou um dispositivo que desativa as funções do celular que distraem o motorista quando ele entra no carro e o Departamento Nacional de Trânsito criou um aplicativo que manda mensagem a quem ligar ao condutor, avisando que não pode atender.

Fonte: Rádio Rio Vermelho

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