Radar para patinetes e bicicletas elétricas: cidade de SC testa tecnologia
Itapema, em Santa Catarina, iniciou os testes de um radar para fiscalizar a velocidade de veículos autopropelidos. A experiência chama atenção nacional e pode abrir caminho para novas regras de segurança no tráfego urbano.

O trânsito brasileiro convive, cada vez mais, com bicicletas e patinetes elétricos circulando lado a lado com carros, motos e pedestres. Essa realidade, que começou tímida nas grandes capitais, já se espalha para cidades médias e pequenas, trazendo benefícios de mobilidade, mas também desafios de segurança.
Em Itapema (SC), o Departamento Municipal de Trânsito (Detrami), em parceria com a Guarda Municipal, iniciou nesta semana uma fase de testes com um radar de última geração voltado especificamente para fiscalizar os chamados veículos autopropelidos. A tecnologia, já utilizada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e forças policiais estaduais, é capaz de registrar a velocidade, fotos e vídeos de eventuais infrações.
Por que esse tipo de fiscalização importa?
Os veículos autopropelidos, como patinetes e bicicletas elétricas, têm velocidade máxima de 32 km/h, conforme previsto em normas nacionais. Ao ultrapassar esse limite, passam a ser enquadrados como ciclomotores, categoria que exige emplacamento, habilitação, uso de capacete e outros equipamentos obrigatórios, como retrovisores e sinalização.
Na prática, essa diferença legal ainda é pouco conhecida pelos usuários. Muitos utilizam os equipamentos sem perceber que, ao atingir maiores velocidades, estão sujeitos às mesmas exigências de uma moto de baixa cilindrada. É justamente nesse ponto que a iniciativa de Itapema ganha relevância nacional: ao monitorar a velocidade, o município reforça a necessidade de respeito às normas e ajuda a evitar que esses veículos se tornem um risco para quem os utiliza e para os demais no trânsito.
Desafios da mobilidade elétrica leve
O uso de patinetes e bicicletas elétricas cresceu exponencialmente nos últimos anos no Brasil, impulsionado tanto pela busca por alternativas mais sustentáveis quanto pela praticidade nos deslocamentos curtos. No entanto, a legislação e a fiscalização ainda não acompanharam esse avanço no mesmo ritmo.
Em muitas cidades, os órgãos de trânsito relatam dificuldades para enquadrar irregularidades, falta de infraestrutura adequada (como ciclovias e estacionamentos específicos) e até mesmo a resistência cultural de motoristas em compartilhar espaço.
Conforme especialistas, iniciativas como a de Itapema podem abrir precedentes para outros municípios brasileiros. A tecnologia pode ser usada não apenas para punir, mas também como ferramenta de educação e conscientização, ao mostrar para a população os riscos de trafegar em alta velocidade com veículos leves.
Segurança em primeiro lugar
Para o secretário de Segurança Pública de Itapema, Cabo Ferreira, a medida integra um conjunto de esforços pela segurança viária.
“Estamos realizando diversas ações para garantir maior segurança e o uso correto desse tipo de veículo. Além dos testes e estudos para novas ferramentas de fiscalização, seguimos com fiscalizações constantes e ações de orientação à população, sempre priorizando a segurança de todos”, afirmou.
Um caminho para o Brasil?
A experiência de Itapema mostra que, mesmo em municípios médios, já existe a necessidade de adaptação tecnológica para lidar com novos modais. Caso a iniciativa apresente bons resultados, pode inspirar outras cidades brasileiras a adotar estratégias semelhantes, estimulando uma fiscalização mais justa e equilibrada, sem deixar de lado a educação no trânsito.
Especialistas apontam que o país vive um momento crucial: a mobilidade elétrica leve precisa de regras claras, fiscalização eficiente e campanhas educativas permanentes. Só assim será possível aproveitar os benefícios desses veículos sem comprometer a segurança coletiva.
