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06 de junho de 2024

Estudo revela o quanto a desigualdade das cidades impacta na mobilidade


Por Pauline Machado Publicado 05/08/2022 às 23h20 Atualizado 08/11/2022 às 21h06
 Tempo de leitura estimado: 00:00

O objetivo da pesquisa foi identificar o quanto o crescimento desordenado e a desigualdade interferem na mobilidade.

Dados de uma pesquisa realizada pela 99 em parceria com o Instituto Multiplicidade Mobilidade registraram que a população vulnerável, especialmente as pessoas negras, gasta mais tempo em seus trajetos sem a integração com carros de aplicativos. O estudo foi feito em 17 cidades para tentar descobrir o quanto a desigualdade das cidades impacta na mobilidade.

O objetivo do levantamento foi o de identificar o quanto o crescimento desordenado e a desigualdade interferem na mobilidade. Além disso, no acesso das populações periféricas a serviços de educação e saúde e empregos formais. Foram utilizados os dados oficiais como PNAD, IBGE, RAIS. Assim como, questionários respondidos por usuários da 99 sobre integração entre aplicativos e transporte público nas suas viagens.

De acordo com o estudo, na região da periferia de Natal (RN), por exemplo, 57,1% dos casos se desloca para emprego formal, escolas e/ou universidades  e, para estabelecimentos de saúde, em 30 minutos – se for a pé, de bicicleta ou aplicativo com até R$ 10, ou em 1 hora, de ônibus – mais do que os moradores têm em São Paulo (34,6%), Rio de Janeiro (36,5%), Recife (46,5%) e Curitiba (47%).

Índices sobre desigualdade na mobilidade

Diante dos dados, os pesquisadores criaram o Índice de Acesso à Cidade (IAC). Ele mostra o quanto cada município está perto ou distante de proporcionar uma cidade que ofereça oportunidades iguais dentre as existentes em emprego formal, educação e saúde. Isso, independentemente de raça e local de moradia.

Neste sentido, o IAC identificou que, novamente, a cidade de Natal, assim como Curitiba, são as duas únicas a oferecer mais de 50% de chances iguais em mobilidade para a população acessar oportunidades de emprego formal, saúde e educação. A capital paulista, no entanto, proporciona  40,9%, sendo a 5ª mais próxima de um IAC ideal entre as 17 cidades, atrás de Fortaleza (42,3%), Santo André (44,1%), Curitiba e Natal.

Um outro aspecto relevante da pesquisa, foi ter dado maior peso à população de predominância negra, que tende a ser a mais periférica. Dessa forma, evitando alterações de dados que podem acontecer quando se considera as médias nas cidades.

Quando analisado somente o Índice de Acesso às Oportunidades em Prol da Redução de Desigualdades (IAOD), um dos subindicadores do IAC, a capital paulista tem 34,6% de oportunidades que podem ser acessadas em meia hora, estando a pé, de bicicleta ou por aplicativo, ou uma hora de ônibus.

O melhor desempenho foi verificado em Natal (57,1%), Curitiba (47%), Recife (46,5%), Belo Horizonte (45,1%), Fortaleza (43,6%), Santo André (43%) e Rio de Janeiro (36,5%).

“As oportunidades estão distribuídas de forma desigual. O estudo chama nossa atenção para as desigualdades das cidades e como pessoas brancas chegam mais rápido e mais facilmente a serviços  de saúde, educação e trabalho formal, reforçando como o CEP de uma pessoa diz muito sobre sua qualidade de vida”, atenta e finaliza a fundadora e pesquisadora do Instituto de Pesquisa Multiplicidade Mobilidade Urbana.

Ao término da análise, concluiu-se que, embora tenha-se grande densidade populacional paulistana, as oportunidades estão mal distribuídas. Os dados mostraram, também, que, existe, ainda, um grande potencial para a integração com aplicativos, que ajuda a melhorar o índice. No entanto, as cidades precisam ser compactas e ter sobreposição de usos para conectar áreas residenciais a comércio e serviços. Dessa forma, proporcionando curto tempo no deslocamento com integração e redução de custos de investimento no transporte público.

Já o Índice de Integração com Transporte Público (IATP), busca medir as viagens integradas do aplicativo com o transporte público. Além disso, o potencial de usuários dispostos a fazer viagens neste formato. Neste quesito os passageiros entrevistados responderam se fizeram ou gostariam de fazer integração aplicativo/ônibus. Se uma cidade tiver 100%, isso indica que todas as viagens foram feitas. Ou, ainda, teriam o potencial de se realizar com integração entre aplicativos e transporte de massa.

Usando somente as bases do IATP, apenas seis das 17 cidades analisadas, têm menos da metade do caminho para atingir o ponto ideal de integração entre aplicativo e ônibus. Campo Grande (78%), Curitiba (66,4%) e São Paulo (66,2%) se destacam na integração modal. Já, Belo Horizonte (11,2%), Campinas (12,8%) e Recife (16,2%) ainda estão mais distantes.

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