Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nossos sites, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao acessar o Portal do Trânsito, você concorda com o uso dessa tecnologia. Saiba mais em nossa Política de Privacidade.

04 de dezembro de 2024

Exame toxicológico constata uso de drogas entre motoristas de ônibus


Por Agência de Notícias Publicado 02/10/2022 às 11h15 Atualizado 08/11/2022 às 21h02
Ouvir: 00:00

Número de exames toxicológicos positivos de motoristas de ônibus supera o de motoristas de caminhão e carreta.

Entre os exames toxicológicos de larga janela de detecção que deram positivo para o uso regular de drogas ou substâncias psicoativas, 57,68% foram testes feitos por motoristas com Carteira Nacional de Habilitação (CNH) da categoria D, necessária para dirigir ônibus e vans. Os dados são da pesquisa As Drogas e os Motoristas Profissionais, divulgada pela Associação Brasileira de Toxicologia (ABTox).

O levantamento se baseia no Painel Toxicológico do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) e traz informações referentes ao período entre março de 2016, quando o exame passou a ser obrigatório para a obtenção e renovação da CNH nas categorias C , D e E, e agosto de 2022.

No período analisado, foram identificados 111.475 exames positivos de motoristas habilitados na categoria D; 18.314 da categoria C assim como 63.475 positivos com CNH E. De acordo com o Registro Nacional de Condutores Habilitados, da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), em julho de 2022 o país tinha 1,5 milhão de motoristas de carreta, 7 milhões de motoristas de ônibus e van e 12,2 milhões de habilitações para caminhão.

Conforme o coordenador do programa SOS Estradas, Rodolfo Rizzotto, responsável pelo estudo, a taxa de positividade nos exames toxicológicos é de 2%, a mesma taxa encontrada nos exames de alcoolemia das blitze da Lei Seca, feitas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).

“A situação é muito mais grave do que os positivos revelam, porque o positivo é alguém que perdeu completamente a noção do volume de drogas que tem no seu organismo e vai pagar para fazer o exame que detecta o uso regular de drogas nos últimos 90 dias. Ou seja, vai pagar para dar positivo. É como um bêbado procurar a Operação Lei Seca e pedir para pagar o teste do etilômetro e vai dar positivo, está alcoolizado”, explica Rizzotto.

De acordo com ele, a cocaína aparece em primeiro lugar entre as drogas consumidas pelos motoristas, tanto de ônibus como de caminhões. Em segundo vem os opioides, em terceiro a maconha e em quarto lugar estão as anfetaminas, o chamado rebite. Rizzoto destaca também que um grupo três vezes maior do que os testes positivos aparece com detecção dessas substâncias, porém em níveis abaixo do corte que indica o uso regular.


Leia também:

O drogômetro pode substituir o exame toxicológico? Especialistas opinam 

Uso de drogas

O terceiro Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira, lançado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em 2019, indica que, em algum momento da vida, 7,7% dos brasileiros consumiram maconha e seus derivados, 3,1% fizeram uso de cocaína, 0,9% usaram crack e 2,8% inalaram solventes.

Quanto ao consumo de medicamentos sem prescrição médica, a Fiocruz estima que o uso de benzodiazepínicos (psicotrópico hipnótico ansiolítico) foi feito sem prescrição em algum momento na vida por 3,9% dos brasileiros, a de opiáceos (como codeína e morfina) por 2,9% assim como a classe dos anfetamínicos (drogas sintéticas estimulantes) foi de 1,4%.

Habilitação

De acordo com Rizzoto, o levantamento também detectou uma queda de 30% na procura por habilitações C, D e E desde que começou a exigência do exame toxicológico.

“O exame entra em vigor em março de 2016. Você tem uma queda na renovação das habilitações das categorias C, D e E, imediatamente, de 30%. Ou seja, sempre cresceu. E, de repente, você tem uma nova obrigação, que é o exame toxicológico de larga janela, e a queda é de 30%. Pelo crescimento normal esperado, a projeção é que 4 milhões de pessoas deixaram de tirar a habilitação nessas categorias. É assustador, é o que chamamos de positividade escondida”, disse.

Exame toxicológico

O exame toxicológico de larga janela de detecção é obrigatório para condutores das categorias C, D e E. A falta desse exame gera multa gravíssima, de R$ 1.467,35, bem como a suspensão do direito de dirigir por 90 dias. O teste precisa ser feito na obtenção e renovação da carteira, além de periódico a cada 2 anos e 6 meses.

O teste é feito por laboratório autorizado pela Senatran, com a análise da queratina, encontrada nos cabelos, pelos ou unhas. Ele identifica o uso regular de substâncias psicoativas nos últimos 90 dias. Consideram-se os laudos positivos, por exemplo, quando indicam valores acima de uma tolerância determinada. Os níveis de corte podem ser consultados no anexo I da resolução nº 923 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), de 28 de março de 2022.

Detectam-se no exame toxicológico de larga janela as anfetaminas, canabinoides (maconha), opiáceos e cocaína. Além disso, o mazindol, uma medicação utilizada para a perda de peso.

O coordenador do programa SOS Estradas, Rodolfo Rizzotto destaca que o teste é uma medida de proteção de toda a sociedade. No entanto, o uso de drogas é um pedido de socorro dos motoristas de ônibus e caminhões diante das jornadas exaustivas de trabalho.

“É importante a gente entender que não são playboys usando droga por lazer. Eles usam droga para suportar a jornada, para suportar o estresse no trabalho. Então, é um grito de socorro. Mas nós estamos dentro dos ônibus, então é melhor a gente pensar num socorro rápido. Nós estamos falando dezenas de milhões de pessoas conduzidas diariamente por usuários de drogas”, disse.

As informações são da Agência Brasil

1 comentário

  • Pensou em fretar uma van ou um ônibus? Saiba o que é preciso … – Portal do Trânsito – Brazuca Noticias
    24/12/2022 às 06:20

    […] o executivo.Ele reforça, ainda, a importância de certificar-se sobre a categoria da CNH do motorista. Ela deve ser carteira do tipo D – habilitação necessária para dirigir esse tipo de […]

Comentar

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *