Utilitários esportivos são os mais blindados
Milhares de consumidores estão preferindo blindar jipinhos. Com o fenômeno, os sedãs deixaram as primeiras posições no ranking do setor.
Perda de controle
Porém, segundo engenheiros ouvidos pela Folha, os utilitários não são o tipo de veículo mais recomendado para receber proteção balística. “Como o peso extra (cerca de 200 kg) se concentra na parte superior do carro, modelos altos como os SUVs tendem a inclinar mais em curvas, elevando o risco de perda de controle, principalmente mudanças repentinas de direção”, diz João Franco, especialista em dinâmica veicular.
A sensação de instabilidade piora quando o carro tem teto panorâmico à prova de balas -os vidros são os principais responsáveis pelo sobrepeso em uma blindagem. Para minimizar esse efeito, o melhor é optar por modelos com tração integral (AWD), que ajuda na estabilidade. Muitas blindadoras oferecem também kits de reforço para freios e amortecedores, já que a suspensão mais robusta dos utilitários é projetada apenas para suportar o porte avantajado do próprio carro. A armadura interfere também na dinâmica de picapes e minivans, e a maior área de carroceria eleva os custos da proteção entre 8% e 15% em comparação aos sedãs médios, calcula Rafael Barbero, diretor da Avallon. A empresa cobra, em média, R$ 52 mil para blindar carros grandes. Hatches e sedãs de boa potência (acima de 140 cv de potência) são menos suscetíveis aos efeitos da blindagem. “Até o aumento do consumo de combustível acaba sendo menor [no máximo, 10%]”, diz Ricardo Dilser, assessor técnico da Fiat.
Usados
A sensação de insegurança no trânsito não assusta só os mais ricos. “Muitos potenciais compradores de carros populares novos estão migrando para blindados usados”, observa Eisi Uehara, consultor de vendas da Totality Inbra Blindados. Por R$ 30 mil, é possível comprar, por exemplo, um Chevrolet Vectra ano 2006 à prova de balas. Isso ocorre porque a depreciação de blindados usados costuma ser maior que a média do mercado.
O desgaste acelerado de vários componentes do carro -por conta do peso extra- e a necessidade de manutenções específicas (e caras), também assustam. “Após 10 anos, a liquidez cai muito”, diz Uehara. Antes de fechar negócio, o consumidor deve buscar referências da empresa que blindou o veículo e exigir o certificado do Exército (obrigatório), que atesta o nível de proteção.
Fonte: Folha de S. Paulo