15 de dezembro de 2025

Receita definitiva para emagrecer: compre um carro!


Por Rodrigo Vargas de Souza Publicado 04/08/2018 às 03h00 Atualizado 02/11/2022 às 20h14
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Compra de carroFoto: Pixabay.com

Já há algum tempo que tenho me aventurado na área do marketing digital. Por não ser um expert no assunto, sigo constantemente buscando novos conhecimentos para poder ampliar minhas possibilidades de negócio. Talvez não seja o melhor nem mais rentável nicho, mas percebi desde então uma quantidade imensa de infoprodutos na área do emagrecimento.

Até então nenhuma surpresa. Afinal de contas, as pessoas estão cada vez mais preocupadas com questões como saúde e qualidade de vida. O que me surpreende é que, dentre as mais diversas e milagrosas receitas comercializadas até hoje, prometendo seja um corpo escultural, seja perda de peso quase instantânea, não figure a compra de um carro! Isso me surpreende…

Para além das já exaustivas discussões sobre o sedentarismo estimulado pelo automóvel, há uma aspecto que passa quase sempre batido para quem pensa em adquirir um carro: os custos para mantê-lo. Recentemente, estive visitando a concessionária para uma das habituais revisões periódicas. O resultado ao sair da loja transita entre o alívio da preocupação de algum imprevisto mecânico; e a preocupação com as próximas faturas do cartão de crédito, nas quais será cobrada aquela revisão.

Isso se tratando de um 0km. Quando falamos de um carro usado a situação talvez venha a piorar. Abordei recentemente meu drama para sustentar minha “segunda família” no artigo O RITO DE PASSAGEM (de ônibus!)No entanto, independente de ser novo ou usado, há gastos que são inerentes ao veículo, tais como a prestação (caso seja financiado), combustível, IPVA, seguro obrigatório, seguro contra terceiros, estacionamento, manutenção… todos gastos que farão diferença no seu orçamento.

Se você alguma vez já ouviu a expressão “o carro come na mesa junto com você”, pode imaginar o que isso significa. Assim como expressei no artigo LABORATÓRIO SUBJETIVO, como é de praxe em uma sociedade que vive de aparências, há quem gaste o que tem e o que não tem para adquirir seu carro novo, posteriormente tendo que se submeter a economias extremas, tais como ir trabalhar de ônibus ou, exatamente, ficar sem comer. Se esse é o seu caso, uma boa dieta!

Rodrigo Vargas de Souza

Sou formado em Psicologia pela Unisinos, atuo desde 2009 como Agente de Fiscalização de Trânsito e Transporte na EPTC, órgão Gestor do trânsito na cidade de Porto Alegre. Desde 2015, lotado na Coordenação de Educação para Mobilidade do mesmo órgão.Procuro nos meus textos colocar em discussão alguns dos processos envolvidos na relação do sujeito com o automóvel, percebendo a importância que o trânsito, espaço-tempo desse encontro, vem se tornando um problema de saúde pública. Tendo como objetivos, além de uma crítica às atuais contribuições (ou falta delas) da Psicologia para com a área do trânsito, a problematização da relação entre homem e máquina, os processos de subjetivação derivados dessa relação e suas consequências para o trânsito.Sendo assim, me parece urgente a pesquisa na área, de forma a se chegar a uma anuência metodológica e ética. Bem como a necessidade de a Psicologia do Trânsito posicionar-se de forma a abrir passagem para novas formas heterogêneas de atuação, que considerem as singularidades ao invés de servirem como mais um mecanismo de serialização das experiências humanas.

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