Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nossos sites, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao acessar o Portal do Trânsito, você concorda com o uso dessa tecnologia. Saiba mais em nossa Política de Privacidade.

Segurança no trânsito: quem vencerá essa corrida?


Por Rodrigo Vargas de Souza Publicado 16/06/2021 às 21h00 Atualizado 02/11/2022 às 19h58
Ouvir: 00:00

Rodrigo Vargas de Souza aborda o tema veículos autônomos e traz os contrapontos apresentados por seguidor que não confia na nova tecnologia.

Veículos autônomosFoto: Divulgação Autor

No mundo polarizado em que vivemos, discussões acerca de pontos de vistas divergentes sempre foram muito bem vindas por mim. Isso quando acompanhadas de educação e bom senso, é claro! Exemplo dessas situações ocorreu quando compartilhei recentemente um antigo artigo, no qual questiono sobre a possibilidade de extinção das autoescolas a partir da popularização dos veículos autônomos.

A internet e as redes sociais nos possibilitam alcançar um número cada vez maior de pessoas, cada uma com suas crenças, opiniões e conceitos. Há algum tempo, conheci numa dessas redes um camarada daqueles amantes de veículos antigos, que nutre um sentimento de enorme desprezo (para não dizer ódio) de carros autônomos e/ou elétricos.

Como ele mesmo costuma chamar, “aqueles carros possuídos, tranqueiras que têm vontade própria!“.

Assim que eu compartilhei o artigo citado, ele não tardou em comentar, enviando em anexo um link para uma notícia que falava de um acidente ocorrido nos Estados Unidos, onde um Tesla no modo autônomo havia colidido em uma viatura policial. Na mesma postagem, ele comentou que se os carros autônomos forem tão “eficientes” quanto o da notícia, as autoescolas terão VIDA ETERNA! Ao que eu respondo ironicamente que ele estava certo, afinal humanos NUNCA se acidentam!

Ele segue argumentando que a tecnologia terá que evoluir muito ainda e conta sobre uma ocasião em que viajou num desses “possuídos” alugado, cujo sistema de ar condicionado tinha “VONTADE PRÓPRIA”. Segundo ele, passou a viagem inteira “brigando” com o carro que teimava em mudar a temperatura que ele escolhia. Rebati dizendo achar temerário fazer da exceção a regra. É como se eu afirmasse que todo o condutor dirige sempre embriagado!

Aparentemente mais tranquilo, ele afirma ser uma faca de dois gumes, pois ainda não existem carros autônomos 100% confiáveis, assim como motoristas. Vendo que estamos começando a falar a mesma língua, respondo que é isso exatamente o que defendo.

A questão é: com o passar dos anos, qual dos dois alcançará os 100% de confiabilidade antes?

Nesse ponto da discussão, penso ser importante incluir um pequeno parêntese: Embora a invenção do primeiro veículo automotor movido à motor de combustão interna seja atribuída à Karl Benz, em 1886, o primeiro veículo a andar sem cavalos foi um trator à vapor, desenvolvido pelo francês Joseph Cugnot, em 1771. Isso significa que, na prática, o ser humano já guia veículos automotores há exatos 250 anos!

Entretanto, ainda que pareça uma tecnologia extremamente moderna, o primeiro projeto de carro autônomo data de 1920. Um ano depois, em Ohio, nos Estados Unidos, foi lançado um carro que era controlado por uma tecnologia semelhante ao rádio. O único inconveniente era que, em função do baixo alcance desse sinal, ele precisava que outro veículo o acompanhasse, de onde era controlado.

Foi somente nos anos 1970 e 1980, a partir do avanço da tecnologia de programação e processamento de dados, que os primeiros carros verdadeiramente autônomos surgiram, equipados com sensores, processadores e câmeras capazes de detectar, por exemplo, a existência de um carro à frente e evitar possíveis colisões. Assim, na pior das hipóteses, podemos inferir que veículos autônomos existem de fato há pouco mais de 50 anos.

Mas, voltando à discussão, o meu cético interlocutor afirma que carros autônomos não serão 100% confiável nunca, assim como os motoristas. E questiona se eu confio tanto assim na tecnologia?

Ao que respondo que não confio tanto na tecnologia, não… é que, na verdade, eu confio muito pouco na humanidade mesmo!

E concluindo a discussão num tom bem mais amistoso, fico a me questionar que, para quem começou essa corrida com 200 anos de vantagem, em comparação com a tecnologia, o ser humano está bem atrasado nessa corrida para um trânsito seguro…

Receba as mais lidas da semana por e-mail

Comentar

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *