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03 de novembro de 2024

A crescente onda de mortes de motociclistas no Nordeste


Por Mariana Czerwonka Publicado 30/07/2014 às 03h00 Atualizado 02/11/2022 às 20h36
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Número de mortes de motociclistas no NordesteUma notícia publicada recentemente mostra um dado que todos já sabíamos, mas que agora foi comprovado pelas estatísticas do Datasus, sistema que contabiliza os atendimentos médicos feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o País: o crescente número de mortes envolvendo motociclistas, principalmente, na Região Nordeste.

Os dados mostram que a cada hora o trânsito mata mais de cinco pessoas no País: 46 mil só em 2012. O número revela aumento de 3,4% no total de óbitos nas ruas e estradas do País em relação a 2011.

Se levarmos em conta os dados do DPVAT, os números são ainda mais estarrecedores. No ano passado, foram pagas, por morte, 54.767 indenizações, quer dizer, 150 mortos por dia no trânsito. E indenizações por invalidez em acidente de trânsito: 444.206, ou seja, 1.216 inválidos por dia por causa de acidentes de trânsito. O DPVAT considera que houve um aumento explosivo de casos de invalidez, pelo crescente número de motos e atropelamentos.

Os números comprovam a aceleração no crescimento do número de mortes no trânsito em geral. Entretanto, o levantamento do Ministério da Saúde revela que o problema não é uma epidemia nacional, mas sim fruto de um crescimento acelerado do número de mortes na Região Nordeste do País.

Das 1.498 mortes registradas a mais em 2012 do que em 2011, 1.105 foram nos nove Estados do Nordeste. Essa região concentra apenas 15% dos 76 milhões de veículos existentes no País, conforme os dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), mas responde atualmente por 28% das mortes registradas em acidentes de transporte.

Um fato pode ser o responsável por esse aumento, o alto número de motos na Região. As motocicletas substituíram no Nordeste, muitos tipos de meios de locomoção, como por exemplo, os cavalos. Hoje, as motos são usadas até para tocar a boiada em fazendas de áreas rurais. Junte-se a isso o fato de que, em várias cidades, é bastante comum o serviço de moto-táxi (pouco difundido no Sul) e ainda a resistência de muitos em usar o capacete.

Porém, na minha opinião, essas questões não são as mais graves. O pior problema é que muitos desses motociclistas pilotam sem nenhuma formação para isso, sem nunca sequer terem entrado numa autoescola. Por exemplo, segundo o Detran/CE, a frota de motocicletas no Interior é de aproximadamente 650 mil, enquanto a dos portadores da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) na categoria A (para guiar motos) é de cerca de 450 mil. Significa dizer que cerca de 200 mil pessoas conduzem motocicletas de forma indiscriminada, sem ter passado por aulas de legislação de trânsito, isso só em um estado.

Não que o processo para tirar a CNH “A” seja a solução para todos os problemas, longe disso, mas deve ser o início do processo de conhecimento, principalmente de leis, e de conscientização quanto aos perigos enfrentados no trânsito.

Nesse processo de formação de condutores, muita coisa deve ser mudada. O fato das aulas acontecerem em ambiente fechado não cabe mais no contexto que vivemos: cada vez mais motos na rua e cada vez mais mortos no trânsito. Mas essa é uma segunda fase.

A primeira certamente é o início de uma fiscalização séria e abrangente. Somente assim as pessoas começarão a procurar formas de regularizar a situação e certamente sairão da ilegalidade. É um processo lento e contínuo.

Diante desses números, não é mais possível que todas as esferas do governo se calem. Campanhas??? Não sei, se são eficientes a curto prazo. Adicional de periculosidade? Sim, mas com a exigência do curso profissionalizante. O que deve acontecer imediatamente é o aumento da fiscalização específica e uma reforma no processo de primeira habilitação para os motociclistas. As ruas pedem ajuda!

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