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07 de outubro de 2024

Mortes no trânsito caem apenas 5%, taxa fica abaixo da meta


Por Mariana Czerwonka Publicado 14/12/2015 às 02h00 Atualizado 02/11/2022 às 20h30
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Mortes no trânsitoA Assembleia-Geral das Nações Unidas editou, em março de 2010, uma resolução definindo o período de 2011 a 2020 como a “Década de Ações para a Segurança no Trânsito”. O documento foi elaborado com base em um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) que contabilizou, em 2009, cerca de 1,3 milhão de mortes por acidente de trânsito em 178 países.

O governo brasileiro, então convocado, lançou um Plano Nacional com o objetivo de criar um conjunto de medidas que visava, a curto, médio e longo prazos, reduzir os níveis de mortalidade e lesões por acidentes de trânsito no país, tendo como meta o índice de redução proposto pela Resolução da ONU de 50% em 10 anos. E o que conseguimos até agora? Um número muito abaixo do almejado.

Segundo dados do Ministério da Saúde, divulgados na semana passada, em 2014 morreram 40.294 pessoas no trânsito brasileiro, contra 42.266 em 2013. Os dados ainda são preliminares e podem sofrer mudanças. Já é uma boa notícia, sim, relativamente é. São dois anos consecutivos de queda, fato ocorrido pela primeira vez em 15 anos. Além disso, o Brasil atingiu a taxa de 19,9 mortos por grupo de 100 mil habitantes. O menor índice desde 2010.

Ao se comparar o Brasil com outros países, verifica-se que a taxa brasileira de mortes por acidentes ainda está mais elevada do que a média: 8,3 mortes por grupo de 100 mil habitantes. E o número de feridos não acompanha a queda. Pelo contrário, aumentou em 4% em relação ao ano anterior, de 170 mil para 176 mil. Esse dado mostra uma curva, não é que os acidentes deixaram de acontecer, eles se tornaram menos graves. Isso quer dizer, o número de mortos diminuiu, mas o de feridos gravemente aumentou.

O que o Brasil tem feito para atingir a meta? Ou melhor, antes de responder essa pergunta, vou mostrar o que outros países fizeram para compararmos com o nosso.

As estradas na Suécia foram construídas com prioridade total à segurança, em detrimento de espaço ou conveniência. Limites de velocidade baixos em meio urbano, zonas exclusivas para pedestres e barreiras que separam fisicamente carros de bicicletas ajudaram. E as estimativas apontam que 12.600 cruzamentos mais seguros, incluindo passarelas para pedestres, quebra-molas e luzes de sinalização, fizeram cair pela metade o número de mortes de pedestres nos últimos cinco anos. O policiamento rigoroso também contribuiu: hoje, menos de 0,25% dos motoristas examinados ultrapassam o limite permitido de álcool no sangue.

Já na Espanha, foi criado o Observatório Nacional de Segurança Viária, o Conselho Superior de Segurança Viária recebeu mais agentes de trânsito e surgiram várias campanhas de informação, divididas por tipos de risco. Houve reformulação do modelo de habilitação, desenvolvimento de planos municipais de segurança viária, implantação de dispositivos tecnológicos de vigilância e o investimento de € 8 milhões na divulgação nos meios de comunicação. Juntas, essas ações reduziram as infrações e as causas dos acidentes de trânsito entre 2001 e 2011.

Na Holanda, foram inauguradas faixas de trânsito que brilham no escuro, é uma pintura especial que acumula energia durante o dia, e se mostram solução interessante e segura para a sinalização em trechos pouco ou nada iluminados.

O Japão quer chegar até 2030 com índice zero de acidentes no trânsito, como? O governo japonês já está se preparando para receber os carros autônomos. Segundo eles, a ideia é “facilitar a circulação do tráfego e tornar as estradas japonesas as mais seguras do planeta”.

Nos EUA, os motoristas profissionais podem fazer cursos em entidades públicas ou privadas e completar o treinamento na própria empresa. Em dois meses são 50 horas de aulas teóricas e 100 horas de aulas práticas. Mas o que define a aprovação dos candidatos – só 8% dos avaliados são contratados – é o comportamento defensivo e a completa abstinência de álcool e drogas, vícios para os quais a tolerância é zero.

Esses exemplos de iniciativas demonstram o quanto existem países e governos empenhados em reduzir o número de acidentes no mundo. E agora faço novamente a pergunta: aqui no Brasil, como estão as coisas?

Boas campanhas e só. Projetos isolados de Educação para o Trânsito nas instituições de ensino, aumento do rigor em leis (mas sem fiscalização, o que torna a lei um fracasso e a sensação de impunidade cada dia maior). Rodovias deterioradas, sem sinalização. Descrédito dos órgãos normativos de trânsito. Falta de vagas em hospitais. Além do comportamento dos condutores, ou melhor, do mau comportamento.

Como escrevi em posts anteriores, não podemos aceitar de modo tão passivo o massacre, ou melhor, a guerra que vivemos hoje no trânsito brasileiro. Nem nós, nem o Governo.

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