Nossa culpa e de quem mais?
Há algum tempo venho percebendo algo em comum em todas as campanhas midiáticas a favor da prevenção e contra os acidentes de trânsito. Todas elas, faço referência as do PARADA (Ministério das Cidades) e a última do Ministério dos Transportes, focam na imprudência dos motoristas, falta de equipamentos obrigatórios e a responsabilidade dos condutores.
Até aí, tudo certo. Concordo com a “ideia passada” até porque nós do Portal também temos uma Campanha denominada Quem Faz o Trânsito Sou Eu, que chama todo cidadão à sua responsabilidade no trânsito. Nada mais natural, até porque 90% dos acidentes são causados por falhas humanas.
Só que a diferença entre nós, um organismo da sociedade civil, fazermos uma campanha de conscientização chamando o cidadão a fazer a sua parte no trânsito, é que é isso que está em nossas mãos. É a única coisa que podemos mudar.
O que não podemos dizer dos órgãos governamentais. O que adianta fazer uma campanha sobre ultrapassagem imprudente, a caracterizando como crime (o que na minha opinião, não deixa de ser), se a realidade das estradas brasileiras é a falta de sinalização, vias de mão dupla, sem acostamento, etc…O que está sendo feito, por estes mesmos órgãos, para melhorar a qualidade das rodovias brasileiras? Existiriam tantos acidentes, causados por ultrapassagens, se tivéssemos no Brasil, a maioria de rodovias de mão única, ou bem sinalizadas ou em ótimo estado de conservação? Este é apenas um exemplo, eu poderia dar uma lista interminável…
A minha conclusão é a seguinte: não podemos deixar de mostrar para todos os usuários do trânsito o quanto atitudes corretas podem salvar vidas, mas não podemos aceitar calados que o trânsito virou esta epidemia, apenas por culpa de nós que estamos do lado de cá.
O trânsito ideal é formado pelo tripé dos E´s: Engenharia, Esforço Legal e Educação. Se um destes “pés” não estiver funcionando direito, a tendência é de não conseguirmos reverter o quadro atual e trágico do trânsito brasileiro. E, o pior, em dois dos “E´s”, infelizmente, não temos como interferir, apenas a vontade política é capaz de fazê-los funcionar corretamente. Você concorda?