“CINTO de SEGURANÇA” em CÃES (é preciso?!)…
Um amigo apresentou-me a “laika”…Era “alguma”, entre muitos filhotes da ninhada.
E sem ao menos pedir licença, e nem tão pouco decidida a explicar; correu para perto dos pés e ficou. (não tive alternativa senão dar àquilo que o destino julgava conveniente: amizade)
Carinhosa, alerta, nariz bem gelado, e brava…(muito zangada; principalmente para quem não fosse da matilha…)
A privação do “latido” era o recado da ausência de alguma notícia…(sim, simbolizava o honesto sinal que tudo estava bem)
Sempre julguei que foi a “laika” que havia me escolhido, e tal apreço coloquei em prática com grande felicidade.
E no evoluir do tempo, a “laika” acabou mostrando uma continua e crescente confiança em mim…e assim, este caminho nos levou além do que poderia imaginar.
Mais uma vez, devo expressar minha gratidão àquele “ser” inesquecível…(um presente magnífico)
Mas, voltando ao passado…Em um belo dia de verão, considerei descansar à praia com a minha amorosa companheira canina.
Fomos ao veterinário à busca do atestado de saúde, pois iríamos viajar de ônibus intermunicipal.
Cuidamos da data entre a emissão do atestado e o dia do embarque, pois este não poderia exceder a diferença de mais de 10 dias – segundo a empresa de ônibus -, entre as duas datas.
O amigo veterinário aproveitou e aplicou a vacina antirrábica – coisa que “laika” não gostou -, mas era necessário para que conseguisse viajar.
Como “laika” pesava 10 kg, ficou no limite…
E assim, pode viajar dentro da “caixa pet” ao assoalho do ônibus, junto a mim. (tudo dentro da legislação exigida)
Foi uma maravilha!
No total das 2 h de viagem, “laika” aproveitou e tirou um baita cochilo…(talvez nos sonhos, torcendo pelo sucesso da empreitada)
Raramente fez algum movimento inesperado…(somente alguma vistoria olfativa e visual para saber onde “eu” estava…)
E foi só isso!
OBS 01: tempos depois fiquei sabendo, que pagando uma taxa à empresa de ônibus, poderia tê-la com a caixa, em assento exclusivo ao meu lado.
Fiquei pensando que desta maneira poderíamos ter ido conversando – risos. (“papeando” a mesma língua e sobre os mesmos ideais)
E por fim, entramos na rodoviária! (lépidos e faceiros…)
Chegando, a primeira coisa que fiz ao descer do ônibus, foi tirar “laika” da caixa pet…
Saiu depressa sem nada acuar…(misturando urgência, resignação, gratidão e carinho)
Bem, vocês devem imaginar o que ela foi fazer. (pobrezinha, estava “necessitada”)
Depois, marchamos para o local que havia “alugado”.
Uma casa encantadora…o grande pátio, e o belíssimo gramado – todo cercado.
Vivemos belos dias de diversão, alegria e até um pouco de tolice…(dois animais pensantes – creio eu -, nesse planeta maravilhoso)
Foram dias que puxei a linha do afeto, para bem perto de nós. (convivemos plenos, sem timidez e intolerâncias)
Mas regressamos com um sentimento…
Aquele, que quando estamos lá na frente, temos vontade de voltar e buscar quem ficou para trás.
A viagem de volta, com “laika” – agora na “caixa pet”, e presa com cinto de segurança ao meu lado no banco -, foi perfeita.
Regressamos os dois, em profundo silêncio de contentamento. (jamais esquecerei aqueles momentos!)
Hoje, a devotada “amiga” já não está entre nós…
Viajou!
Partiu, tendo como testemunha somente o vento da noite.
Foi para o céu, seu lugar por pleno direito e conquista.
Mas ainda permaneço com saudades, pois a aceitação é uma das lições de vida mais desafiadoras.
E assim, por vezes, me vejo rezando por “ela” de modo tão triste, que devo deixar quem “santo é” deprimido com minhas orações.
Mas olho com a expectativa, de ver mais do que percebo.
Pois a vida, ao levar o seu corpo, libertou sua alma…que ficou livre e que está até hoje, entre nós.
Abraços…