13 de dezembro de 2025

É possível cruzar o sinal vermelho de madrugada?


Por Rodrigo Vargas de Souza Publicado 29/09/2022 às 21h00
Ouvir: 00:00

Rodrigo Vargas comenta sobre o avanço do sinal vermelho de madrugada e dá uma dica: “se eu fosse você pararia até no sinal verde!”.

Antes de vir trabalhar na Educação, trabalhei durante 5 (longos…) anos no plantão noturno da fiscalização, das 0:00 às 6:00 da manhã. Por isso, por diversas vezes foi questionado durante algumas palestras: “Rodrigo, e durante a madrugada é possível cruzar o sinal vermelho?”

O artigo 208 do Código Brasileiro de Trânsito (CTB) é bastante claro quanto a isso: avançar o sinal vermelho do semáforo ou o de parada obrigatória constitui uma infração gravíssima e prevê como penalidade multa. Independentemente do horário, das condições do tempo, do clima ou da estação do ano…

Obviamente que, em se tratando principalmente de grandes centros urbanos, é preciso levar a questão da segurança pública em consideração. O CTB já foi criado para zelar pela segurança dos usuários da via. Logo, seria um contrassenso criar leis que colocassem os condutores em risco.

Pensando nisso, há um consenso entre a fiscalização daqui de Porto Alegre sobre não aplicar o artigo 208 entre os períodos das 22:00 e 6:00 àqueles condutores que realizarem o cruzamento do sinal vermelho, desde que o façam com SEGURANÇA.

Isto é, ao se aproximarem do cruzamento, reduzam a velocidade, olhem para os dois lados e atravessem com tranquilidade. E quando eu digo reduzir não quero dizer de 60 para 50 km/h… Isso se chama roleta russa!


Leia também:

Existe multa para o condutor que passar no sinal amarelo do semáforo? Veja a resposta! 

Mas também convenhamos…A probabilidade de um assalto em um sinal vermelho no qual esteja uma viatura da fiscalização próxima durante a madrugada é praticamente nula! Primeiramente, porque nenhum assaltante seria tão descuidado a esse ponto…E em segundo lugar, por razões que eu já expus nesse outro artigo, se já é difícil encontrar uma viatura da fiscalização durante o dia, durante a madrugada é quase tão fácil quanto encontrar um unicórnio!

Confesso que não tenho aqui os números da segurança pública relativos aos roubos e furtos de veículos no município. Mas, após a implantação do cercamento eletrônico acredito que esses índices tenham caído sensivelmente. Mas nesse momento, para nós, isso pouco importa.

O que nos importa aqui são os índices de acidentalidade, dos quais, em verdade, também não tenho números oficias, mas apenas os empíricos.

Desses anos todos que trabalhei de madrugada, me arrisco a afirmar que de cada 10 acidentes que ocorrem na cidade nessa faixa de horário, uns 8 aproximadamente são em cruzamentos semaforizados.

Portanto, voltando à pergunta inicial, quando alguém me questiona se de madrugada é obrigatório parar no sinal vermelho, eu repondo sem pestanejar:

“Meu amigo, para a sua segurança, se eu fosse você pararia até no sinal verde!”

Rodrigo Vargas de Souza

Sou formado em Psicologia pela Unisinos, atuo desde 2009 como Agente de Fiscalização de Trânsito e Transporte na EPTC, órgão Gestor do trânsito na cidade de Porto Alegre. Desde 2015, lotado na Coordenação de Educação para Mobilidade do mesmo órgão.Procuro nos meus textos colocar em discussão alguns dos processos envolvidos na relação do sujeito com o automóvel, percebendo a importância que o trânsito, espaço-tempo desse encontro, vem se tornando um problema de saúde pública. Tendo como objetivos, além de uma crítica às atuais contribuições (ou falta delas) da Psicologia para com a área do trânsito, a problematização da relação entre homem e máquina, os processos de subjetivação derivados dessa relação e suas consequências para o trânsito.Sendo assim, me parece urgente a pesquisa na área, de forma a se chegar a uma anuência metodológica e ética. Bem como a necessidade de a Psicologia do Trânsito posicionar-se de forma a abrir passagem para novas formas heterogêneas de atuação, que considerem as singularidades ao invés de servirem como mais um mecanismo de serialização das experiências humanas.

Comentar

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *