É problema de quem?
Dei uma espiada no blog a que a Mariana Czerwonka fez referência em seu post de ontem. Essas pessoas estão de parabéns: moradores de uma certa rua – chamada Raphael Papa, de uma certa cidade – chamada Curitiba, de um certo país que – sabemos bem, não tem lá muita tradição em reagir efetivamente, positivamente. Pelo menos os cidadãos deste país não têm exercitado muito este lado “opa, isto tem a ver comigo e vou tomar uma atitude”.
Geralmente param na parte do “eu preciso fazer alguma coisa”. Isto é, alguns até pensam e tentam, mas não conseguem efetivar nada. O desânimo chega antes. É mais forte. Na medida em que as comunidades enxerguem seus problemas de trânsito como algo a ser resolvido coletivamente, com a participação de todos, surgirão soluções mais adequadas, exequíveis e aceitáveis.
Adequadas porque, se eles estão vivendo o problema, ninguém melhor que eles para saber se uma determinada solução lhes servirá ou não. Exequíveis porque eles, que de uma forma ou outra se enquadrarão como co-responsáveis, não pedirão coisas impossíveis como carros voadores ou tele-transporte. E, aceitáveis porque, ao participar da busca de soluções, o grau de resistência em adotá-las será quase nulo, já que serão co-autores da ideia.
Parece difícil? Difícil, meu caro leitor, é receber a notícia de que mais uma criança foi atropelada. Difícil é entender nossa passividade ao ver que o trânsito, uma modernidade que deveria somente servir para facilitar nossas vidas, está cumprindo o horroroso papel de promover mais de 100 funerais por dia. Para humanizarmos o trânsito, precisamos do comprometimento do cidadão: o único que realmente tem tudo a ganhar ou a perder com a segurança e a funcionalidade do trânsito. Mas, se você não se reconhece como cidadão… então você não tem mesmo nada a ver com isso.