08 de novembro de 2025

O desafio do compartilhamento de espaços


Por Cicloiguaçu Publicado 12/01/2017 às 02h00 Atualizado 02/11/2022 às 20h22
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Com o crescimento das cidades ao redor do mundo, o planejamento em transporte cresceu com foco no transporte motorizado e nas estruturas viárias voltadas a essa categoria. Entretanto, o aumento populacional somado a um processo exponencial de urbanização vem mostrando que esse modelo está à beira da saturação.

Enquanto até pouco mais da metade do século passado, de maneira geral, um automóvel servia a uma família, era utilizado de forma mais racional e as crianças iam para escola à pé ou de bicicleta. A partir de meados da década de 50, a evolução dos processos industriais e da economia, transformaram o automóvel em um bem individual, tornando os sistemas existentes, sua ampliação e manutenção praticamente inviáveis.

A solução? Compartilhamento.

Compartilhamento de espaço Nova ZelândiaEstrada na Nova Zelândia (mão inglesa).
Foto: Gheysa Prado

O compartilhamento que se fala aqui, vai muito além do compartilhamento dos automóveis, através de caronas, que poderiam ajudar a reduzir o número de carros na rua, mas mantém a mentalidade de que o carro é a única alternativa possível de locomoção. O foco é o compartilhamento do espaço (foto 1).

O compartilhamento do espaço viário é sinônimo da humanização das cidades, que traz economia para o poder público, uma vez que a estrutura existente passa a ser utilizada de forma mais integrada por diversos modais, eliminando, sempre que possível a necessidade de novas construções, além de trazer mais segurança viária, tendo como consequência a redução de acidentes nas áreas nos quais o compartilhamento é implantado (foto 2).

Compartilhamento de espaçosFoto 2-Espaço compartilhado. Foto: Gheysa Prado

Apesar de previsto no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e já ser realidade em alguns países mundo afora, no Brasil ele ainda é um desafio. Isso acontece pois, de maneira geral, a educação para o trânsito se resume à fase adulta, quando o cidadão após os 18 anos, procura voluntariamente uma autoescola para aprender a dirigir veículos automotores. Essa educação deveria começar ainda na infância, quando normalmente se aprende a atravessar uma rua e a andar de bicicleta, e manter-se contínua. As normas e leis de trânsito tem como objetivo maior a segurança e a preservação de vidas e, como tal, deveriam ser prioridade em qualquer idade.

Nosso desafio, portanto, não é financeiro e não exige a construção de grandes estruturas físicas. É cultural. Nosso desafio é educar para um trânsito mais seguro em todos os espaços e a todas as idades.

Gheysa Prado – Cicloiguaçu

Cicloiguaçu

A Associação de Ciclistas do Alto Iguaçu, fundada em maio de 2011 em Curitiba, busca construir um ambiente urbano mais atraente para todas as pessoas através da promoção dos meios de transporte ativos e da convivência humana. Sua atuação está dividida em seis grandes áreas: educação, organização de eventos, promoção de espaço público, fomento da ciclomobilidade, articulação política e pesquisa. Acompanhe nossa página em https://www.facebook.com/CiclistasCicloIguacu?fref=tsEsta coluna será assinada por seus membros.A Cicloiguaçu foi capacitada pelo Instituto Legado em 2014. O Instituto acredita no Empreendedorismo Social e se propõe a ampliar o impacto de iniciativas, causar transformações e deixar um legado. O Projeto Legado é um programa anual que seleciona, capacita, conecta e investe em organizações sociais de alto potencial de impacto, como a Ciclo Iguaçu. Saiba mais em http://institutolegado.org

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