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Trânsito estressa!


Por Celso Mariano Publicado 09/11/2011 às 02h00 Atualizado 02/11/2022 às 20h53
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Você acha o trânsito estressante? Você não está só. Tem tanta gente que sofre com isso que concordei com alguns amigos em pegar leve num de meus posts aqui no Blog. Então lá vai: para “desestressar”, nada melhor de que um poema. Um poema que fale de trânsito e de… amor. Amor? Tive que recorrer a um amigo, já que eu, não escrevo poemas. O jornalista e escritor Luiz Andrioli não é especialista em trânsito. É especialista em palavras e, de vez em quando, usa-as para falar, também, de trânsito. E de amor. Sorte nossa. Deleitem-se. AMOR EM TRÂNSITO Existem amores que partem sem dar o endereço. Mentem, na verdade. Dirigem fingindo uma segurança que só tem os que sabem o destino. O amor nunca imagina onde vai acabar. Outros chegam sem dar uma ligadinha antes. Há amores que vivem em cidades diferentes sem ter grana para bancar o pedágio. Outros fazem da vizinhança sua mais possível distância. Têm velhos que insistem em rodear nossas sombras e por vezes fazem um belo par com os novos amores que se aproximam. Há amores que ficam na fila da lotação e jamais sobem nos veículos. Outros que apenas andam nos coletivos e nunca descem. Poucos pagam passagem, muitos querem só a viagem. Alguns dos meus amores ficaram indecisos entre descer no ponto correto ou deixar se levar até o fim do trajeto. Como se ponto final houvesse… Queria, por vezes, amores em cima dos pedais da bicicleta do padeiro: acordar antes de todos com o cheiro de pão quentinho pedindo o carinho da manteiga deslizando pelas suas frestas. E esses amores que jamais estacionam? E os que param nas vagas de deficientes? Sabe dos amores que não admitem suas deficiências? Conhece amores que não sabem fazer balizas? Sei de amores que ficam parados no sinal para sempre. E outros que deixam os pneus murcharem na garagem. Contaram-me de alguns que derraparam na curva da solidão. Eu sou daqueles que liga o GPS para se perder entre as ruas esburacadas vítimas do nosso próprio vandalismo. Quem disser que cuida do amor, mente também. A gente simplesmente trafega por ele. Se cuidar da estrada, corre-se o risco de levar o carro nas costas para evitar o desgaste dos pneus. Meus amores nunca foram assim. Borracha e asfalto no atrito constante, buscando velocidades extremas nas retas e o limite possível nas curvas fechadas da serra do mar. Amor desafia o velocímetro. Amor arranca o bloco de multas do bolso do guarda. Amantes fazem coraçãozinho com as mãos para a câmera do radar. Meus amores pedem que alguém em sentido contrário pisque os faróis avisando das blitzes nos caminhos. Nunca exigi destes meus senhores amores certos pudores. Sempre transcendi como os transgressores. Aos amores, nunca dei os devidos valores. Sempre ficamos nos devendo favores. Assim foram os meus amores, hoje esquecidos em lojas de penhores. Luiz Andrioli

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