BH lidera mortes no trânsito
Cidade mineira é a que apresentou maior taxa de mortalidade entre municípios com maior frota
Belo Horizonte é a cidade brasileira que tem a maior taxa de mortalidade no trânsito entre as que possuem as maiores frotas de veículos. Os dados são do DataSus, sistema de estatísticas do Ministério da Saúde, relativos a 2012. Os números foram apresentados nesta segunda pela empresa Michelin, que realiza projeto para maior conscientização da responsabilidade ao dirigir.
De acordo com o levantamento, a capital mineira teve uma taxa de 22,4 mortes no trânsito para cada 100 mil habitantes. O número é praticamente o dobro do registrado em São Paulo, onde a taxa de mortalidade foi de 11,8. Foram avaliadas outras cinco capitais. A menor taxa foi a de Porto Alegre (11,6). Já a mais violenta, depois de Belo Horizonte, foi Brasília, com 20,6.
O que mais contribui para que a cidade seja a mais violenta no trânsito é a mistura entre tráfego rodoviário e urbano. Pelo menos essa é a avaliação do especialista em segurança no trânsito Eduardo Biavati. “Belo Horizonte talvez seja a capital brasileira que mais sofra com o impacto de rodovias. São vários os casos de estradas que, de repente, se transformam em avenidas urbanas”, explicou.
Esse é o caso do Anel Rodoviário, que, em 2012, foi responsável pela morte de 31 pessoas, 6% do total. “O motorista está acostumado a uma velocidade na rodovia e, quando chega à avenida, demora a perceber a mudança de ambiente. A redução da velocidade não ocorre automaticamente, por mais que haja placas indicando a velocidade máxima”, afirmou Biavati.
Centro-Sul
Outro exemplo é a BR–356, que desemboca na avenida Nossa Senhora do Carmo, uma das mais movimentadas da região Centro-Sul da capital. Foi exatamente neste local que Márcia Palmer perdeu sua filha, quando uma carreta carregada com aço ignorou o trecho de circulação restrita, tombou e arrastou 11 carros, em junho de 2012.
A filha de Márcia, a estudante de medicina Caroline Palmer, na época com 23 anos, se formaria nesta semana. Além dela, mais duas pessoas morreram. “A sinalização melhorou, mas ainda hoje eu vejo carretas passando por aqui”, conta ela, que mora na região. “Mesmo com a redução, não deveria passar nenhuma (carreta). Não quero que minha filha seja apenas parte de estatística”, desabafou a mãe.
Segundo o site da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), veículos com capacidade de carga acima de cinco toneladas ou comprimento acima de 6,5 metros não podem transitar na avenida de segunda a sexta-feira, das 7h às 20h, e aos sábados, das 7h às 15h.
Embriagados
Uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em parceria com o Centro Brasileiro de Informação sobre Drogas (Cebrid) revelou que 27% dos universitários dirigem após ingerir bebida alcoólica. Outros 57% admitem que pegaram carona com motoristas que estavam embriagados.
A mesma pesquisa revelou que 56% dos universitários pretendem ficar bêbados quando saem com os amigos. Além disso, 53% dos universitários homens afirmam que bebem mais de cinco doses de álcool quando saem para a balada. Entre as mulheres universitárias, esse percentual cai para 47%.
Redução
A capital mineira lidera o ranking mesmo após reduzir o número de mortes. Em 2011, foram 609 óbitos provocados pelo trânsito na cidade, contra 542 em 2012.
Faixa etária
Os jovens de 20 a 29 anos são os que mais morrem em acidentes de trânsito na capital mineira. Eles representam 25% do total de vítimas. Em segundo lugar, estão adultos entre 30 e 39 anos (17,6%), e entre 40 e 49, são 15%.
Brasil
Em todo país, foram 44.812 mortes no trânsito em 2012, o que dá uma média de 23,1 mortes por 100 mil habitantes. O país é signatário da Década de Ação pela Segurança no Trânsito, programa da Organização das Nações Unidas que prevê que, até 2020, deve haver a redução de 50% no número de mortes no trânsito no país. Em 2011, esse número era de 43.256, e o objetivo é, em dez anos, chegar a 21,6 mil.
Fonte: O Tempo